Ana Luísa, que atualmente treina na França, viralizou ao dar entrevista no país europeu. A pequena ganhou mais de 40 mil seguidores e já conta com uma enorme torcida olímpica. Atleta treina desde 3 anos. Ginasta de 11 anos viralizou com sonho de disputar Olimpíadas
Ex-moradora da Baixada Fluminense, Ana Luísa, de 11 anos, passou a contar com uma enorme torcida para que ela seja a próxima estrela da ginástica brasileira depois que vídeos seus viralizaram na internet nas últimas semanas.
Em uma das entrevistas, para o perfil “Olimpíada Todo Dia”, a pequena diz que será a próxima a brilhar na modalidade representando o Brasil nas Olimpíadas.
Depois de viralizar, Ana Luísa ganhou mais de 40 mil seguidores e uma base de fãs que a aguarda nos Jogos Olímpicos – seja em 2028 ou em 2032. Ela já tem 11 medalhas pelo Campeonato Carioca.
“Ela diz o tempo todo que vai trazer uma medalha. Ela diz que se em 2028 não der, ela vai em 2032, porque depende da idade. Em 2028, ela vai completar 15 anos, então teria que ter uma mudança na regra. A gente fica na expectativa como torcedor, pai e amigo. Sempre estaremos na plateia torcendo por ela”, afirma o pai, que é professor de Educação Física, Raphael DuGhetto.
Ana Luísa com a ginasta Jade Barbosa
Redes sociais
O talento da criança foi descoberto por volta dos 3 anos dela, segundo a família. Depois de ser matriculada no balé, a pequena, que ainda era um bebê, insistiu para fazer ginástica artística e sair da turma de balé clássico.
“Não foi um talento logo de cara pra gente, pouco antes dos 3 anos ela fazia balé e por um ano ela sempre negava, com aquela vozinha fofa de criança dizendo que ‘balé não’. E aí depois da apresentação de fim de ano no Teatro Miguel Falabella, ela disse que ‘balé não, ginástica, pulo, pulo’, e cismou”, conta a mãe Michele Silva.
Os pais tiveram dificuldades em encontrar um local que desse aulas da modalidade, por volta de 2016. “Era muito difícil, até porque não tinha a mesma visibilidade que passou a ter depois da Rebeca Andrade”, destaca a bióloga.
Ginasta Ana Luísa
Arquivo pessoal
“Até que um dia eu vi uma menina com um uniforme escrito ginasta e segui ela até a academia. Lá, o professor disse que não tinha artística, mas me indicou uma escolinha do Marcelo Azeredo em Nova Iguaçu, na Baixada”, relembra a mãe.
Para a família, foi com grande surpresa que eles viram a criança executar muito bem os movimentos do esporte.
“No 1º dia, na aula experimental, parecia que ela fazia aquilo há tempos e nós ficamos pasmos. O professor também teve a mesma percepção”, conta a mãe.
Ginasta Ana Luísa
Arquivo pessoal
“Ela se sentiu muito em casa”, conclui o pai.
Oito meses depois, ela já participava de pequenas competições, até que um dia a disputa foi feita no Clube de Regatas do Flamengo.
“A Ana sempre teve esse jeito, no dia que ela foi competir no Flamengo ela esbarrou com a Flávia Saraiva e disse que ainda treinaria com ela. Logo em seguida, ela foi chamada para um teste no clube”, afirma Michele.
Ela passou sete anos treinando no clube, até que o contrato foi reincidido. No dia seguinte, ela assinou com o Fluminense, time que treinou por mais sete meses até ir para a França. Atualmente, a menina treina pelo clube francês Meaux.
“No Brasil, quando chegou a idade para competir veio a pandemia, isso impactou. A gente sempre dizia para ela ‘não importa em qual posição, o atleta precisa ser visto’ e assim ela sempre estava no pódio nas competições que ia. Agora ela se prepara para a próxima temporada aqui na França”, conta o pai.
A tão jovem Ana já sabe a sensação de subir ao pódio, mas quer chegar lá também nas Olimpíadas. Por enquanto, ainda há a esperança da regra para a idade mínima na ginástica ser novamente alterada.
A atleta completa 15 anos em 2028 e precisaria, na verdade, ter 16 para disputar. Mas, ela tem a cabeça firme de que uma hora chegará lá. Hoje, suas grandes inspirações são Rebeca Andrade e Simone Biles.
Ana Luísa com sua primeira medalha
Redes sociais
“Eu estou achando muito importante porque as meninas do Brasil estão competindo pelo país e por elas mesmas. Então, é bom para elas e para a carreira delas, e representar nosso país”, destaca Ana.
“A representatividade é importante para mim porque vejo meninas negras. Eu me vejo lá, eu me projeto”, completa ela.
No vídeo que viralizou, ela chegou a dizer que preferia que a Rebeca ganhasse o ouro no lugar da americana Biles. Por sua vez, Ana Luísa tem confiança no seu solo e tem treinado para fazer bonito quando chegar a hora.
“Sempre trabalhamos a saúde mental com ela. Se o corpo está são, mas a mente não está, as coisas não andam. Então, a gente sempre focou nisso. No clube, ela tinha atendimento psicológico e até hoje tem acompanhamento”, explica Raphael.
Ana Luísa na Torre Eiffel
Arquivo pessoal
Desafio apoiado pelos pais
Atualmente, a família mora na França. Raphael foi o primeiro a trocar de país depois que chegou o convite para a filha treinar no exterior. Depois de conseguir emprego e estabilizar, foi a vez da esposa e da filha saírem do Brasil, em janeiro deste ano.
Como a decisão da Ana foi muito cedo, os pais decidiram acompanhar – mesmo com as dificuldades.
“Se é isso que ela vê como futuro dela, a gente se dedica para que isso aconteça. O esporte olímpico é muito caro, e por isso é acessado por uma certa classe social. Se isso mudasse, o Brasil teria muito mais medalhas olímpicas, muita gente boa é deixada de lado”, destaca Raphael.
Ana Luísa e os pais
Arquivo pessoal
“Mesmo com 3, 4 anos, a criança já é um atleta de alto rendimento. A pessoa precisa levar a sério, a criança precisa estar focada. A criança precisa decidir muito nova e ela decidiu e foi se dedicando”, explica o pai.
Eles não titubearam ao apoiar a filha e mover os mundos para realizar o sonho da menina.
“Para a gente é gratificante, quem não quer ver um filho bem-sucedido? Independente da escolha dela, nós estamos aqui para apoiá-la. Tem muitos atletas que ficam pelo caminho por conta das dificuldades, é tudo muito difícil”, conclui a mãe.