Em nova coluna, Liliane Rocha enaltece mulheres negras que redefiniram a história da Vogue Brasil Este ano, o Baile da Vogue nos convida a embarcar em uma viagem mágica para a Voguelândia, um reino encantado onde há moda e criatividade. Esta edição é especialmente significativa e, como o convite nos sinaliza, marca o início das comemorações dos 50 anos da Vogue Brasil. O dress code sugerido é “Fashionistas Extraordinários”, incentivando os convidados a se inspirarem em grandes ícones de estilo, momentos históricos da moda ou a expressarem sua versão mais fashionista. Mais do que um tema, Voguelândia celebra a pluralidade dos sonhos, das culturas e da beleza que transforma o mundo da moda em um espaço verdadeiramente diverso.
E, como sempre, no que depender de mim, o protagonismo negro estará no centro desse espetáculo, refletindo o talento e a força de mulheres negras que, como verdadeiras rainhas da Voguelândia, escrevem suas histórias de sucesso e inspiração. Por isso, quero que lembremos juntos as mulheres negras que fizeram histórias nas capas da revista Vogue Brasil.
Emanuela de Paula na capa da Vogue de Janeiro de 2011
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Ao longo de cinco décadas, a Vogue Brasil destacou mulheres negras que romperam barreiras e reescreveram os padrões de beleza na indústria. Tudo começou em janeiro de 2011, quando a modelo Emanuela de Paula estrelou a primeira edição da revista a trazer exclusivamente modelos negras. Ela foi a primeira modelo negra a protagonizar sozinha uma capa. Em novembro de 2016, a Vogue Brasil lançou uma edição especial dedicada à diversidade, apresentando na capa as modelos Pathy Dejesus, Maria Borges e Gracie Carvalho. A publicação se destacou ao celebrar a beleza e a influência dessas modelos na indústria.
IZA na Vogue Brasil (Foto: Lufré/ Vogue Brasil)
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A cantora Iza foi destaque em duas edições da Vogue Brasil. Em junho/julho de 2022, ela estrelou a capa da revista, discutindo seu segundo álbum de estúdio e sua trajetória na indústria musical. Anteriormente, em agosto de 2020, Iza compartilhou a capa com as influenciadoras Camilla de Lucas e Juliette, representando a diversidade e a força da mulher brasileira contemporânea. Já em 2024, a ginasta olímpica Rebeca Andrade trouxe força e sofisticação à capa. Essas edições vão além do papel: simbolizam conquistas sociais e culturais.
Rebeca Andrade na capa de outubro de 2024 da Vogue Brasil
MAR+VIN/ Vogue Brasil
Além disso, nós, mulheres negras, também fazemos história nos bastidores, contribuindo para a narrativa editorial da revista. Nomes como Claudia Lima, Rachel Maia e eu, Liliane Rocha, temos participado ativamente da construção de uma linha narrativa que reflete a potência e a pluralidade da cultura negra no Brasil. A escrita, os bastidores e as vozes que estruturam a Vogue Brasil são, cada vez mais, um reflexo de um mundo que avança em direção à equidade.
A presença de mulheres negras nas capas de uma revista como a Vogue Brasil carrega um peso simbólico e cultural inestimável. Durante décadas, a indústria da moda perpetuou padrões de beleza excludentes, silenciando vozes e apagando a diversidade que compõe nossa sociedade. Ver mulheres negras estampando capas de uma das maiores publicações do mundo não é apenas uma celebração estética; é um ato que reflete os avanços da pauta da equidade. Ou seja, é uma afirmação de que essas mulheres pertencem a todos os espaços – inclusive os mais elitizados e influentes. Essas capas são espelhos para jovens negras que buscam inspiração e são lembretes de que sua beleza, talento e histórias são dignas de serem contadas e admiradas. Mais do que isso, representam um passo significativo rumo à desconstrução de padrões que, por muito tempo, invisibilizaram essas narrativas.
Taís Araujo fotografada por MAR+VIN (SDMGT), usa vestido e colares, tudo Chloé. Edição de moda: Rita Lazzarotti. Beleza: Henrique Martins (Capa Mgt). Produção executiva: Leila Ferrell. Set design: Fernanda Martins. Tratamento de imagem: Studio Bruno Rezende (Foto: Vogue Brasil)
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A Voguelândia deste ano não apenas celebra os 50 anos da Vogue Brasil, mas também reafirma o poder da moda como ferramenta de transformação cultural e social. As capas icônicas protagonizadas por mulheres negras ao longo das décadas não são apenas marcos na história editorial; elas são lembretes de que representatividade importa – e muito. Cada rosto, cada história e cada conquista refletem um Brasil plural, rico em diversidade e potencial. Que esta celebração nos inspire a continuar ampliando vozes, ocupando espaços e reescrevendo narrativas para que a inclusão não seja apenas um tema, mas a essência de tudo o que fazemos. Afinal, a verdadeira magia da Voguelândia está em enxergar e celebrar a beleza que há na pluralidade.
Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Vogue Brasil.
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