O Papa Francisco, líder da Igreja Católica, morreu na madrugada desta segunda-feira, 21, aos 88 anos. A morte foi confirmada pelo Vaticano horas após sua última aparição pública, no domingo, durante a celebração de Páscoa na Basílica de São Pedro.
Na ocasião, o papa acenou aos fiéis com a voz enfraquecida e repassou a leitura da mensagem a um assistente. Desde fevereiro, o pontífice enfrentava problemas respiratórios que exigiram internação e afastamento parcial de suas atividades públicas.
Em 14 de fevereiro, Francisco foi internado no Hospital Gemelli, em Roma, para tratar uma infecção polimicrobiana após diagnóstico de bronquite. Antes disso, já havia cancelado audiências e compromissos. Ele recebeu alta no fim de março.
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Segundo um estudo publicado na revista The Lancet, uma infecção polimicrobiana acontece quando mais de um microrganismo age ao mesmo tempo, entre vírus e bactérias, por exemplo. Os quadros em idosos costumam começar com uma infecção viral, que compromete as defesas do organismo e abre caminho para uma infecção bacteriana secundária.
Posteriormente, um novo exame de tomografia computadorizada também mostrou que a pneumonia era bilateral, ou seja, estava afetando os dois pulmões do Papa. O quadro era agravado por Francisco já não ter parte do pulmão, que foi retirada aos 21 anos após um quadro de pleurisia, uma espécie de inflamação que ocorre na pleura, a membrana que envolve os pulmões e a caixa torácica.
Após 37 dias de internação, o Papa Francisco recebeu alta no dia 23 de março. Sua agenda continuou limitada devido à recuperação do quadro, mas o Pontífice chegou a fazer algumas aparições públicas antes da sua morte, nesta segunda-feira. Ontem, no domingo de Páscoa, apareceu pela última vez para desejar “Boa Páscoa” aos fiéis presentes na Basílica de São Pedro.
Relembre os outros problemas de saúde do Papa Francisco
Logo no início do pontificado, o Vaticano deixou claro que Francisco teve parte de um pulmão retirado na infância. O pedido de divulgação foi do próprio Papa. Ainda aos 21 anos, Francisco — até então conhecido pelo nome de batismo Jorge Mario Bergoglio — quase morreu após desenvolver pleurisia, uma espécie de inflamação que ocorre na pleura, a membrana que envolve os pulmões e a caixa torácica.
À agência de notícias francesa AFP, o biógrafo do chefe do Vaticano, Austen Ivereigh, contou que os médicos removeram três cistos pulmonares do Pontífice em 1957 e parte do pulmão.
Em 2015, veio a público os problemas no quadril e fortes dores nas costas, que passaram então a reduzir sua mobilidade. Tratava-se de uma estreiteza no espaço intervertebral entre a quarta e a quinta vértebras lombares.
Mas o que mais afeta a locomoção do Papa hoje é uma artrose nos joelhos, que o faz hoje usar cadeira de rodas na maior parte do tempo. Em 2020, inclusive, Francisco não celebrou a tradicional missa de Ano Novo por dores no nervo ciático.
Além disso, em julho de 2021, o Papa teve parte de seu cólon removido em uma operação destinada a tratar uma doença intestinal chamada diverticulite. Mais comum em idosos, a enfermidade no sistema digestivo é caracterizada por um estreitamento da parede do órgão. Isso se dá por conta de saliências que se formam na região com a idade.
Em 2023, o Pontífice foi hospitalizado novamente por três dias devido a uma pneumonia grave. Poucos meses depois, voltou a ser internado por 10 dias para uma nova operação devido a uma laparocele que estava provocando quadros recorrentes de obstrução parcial do intestino.
Laparocele é outro nome para hérnia incisional e acontece quando pacientes, após um procedimento cirúrgico abdominal, como o feito pelo Papa para diverticulite dois anos antes, desenvolvem uma hérnia no local da cicatriz.
Uma hérnia é uma protusão, como uma espécie de nódulo, formada pelo escape parcial ou total de um órgão, ou um tecido por meio de uma abertura aberta onde não deveria. Isso ocorre por má formação ou por enfraquecimento nas camadas que revestem o órgão, como do músculo abdominal.
Já no início deste ano, o Papa Francisco caiu e machucou o antebraço direito, apenas semanas após outra aparente queda ter resultado um hematoma grave no queixo do Pontífice. Em comunicado, o porta-voz do Vaticano anunciou que Francisco não chegou a quebrar o braço, mas precisou usar uma tipoia como precaução.
O que acontece após a morte do Papa?
Com a morte do papa Francisco nesta segunda-feira, 21 de abril, a Igreja Católica entra em um período conhecido como Sé Vacante, de preparativos para as cerimônias funerárias e convocação do conclave para a escolha do novo líder do Vaticano.
Atualmente, 138 cardeais com menos de 80 anos podem participar da eleição, votar e serem eleitos. Desse total, sete são brasileiros.