Antes do encontro oficial na Bienal do Livro Rio, no domingo (22.06), a psicanalista e a jornalista fazem um bate-bola exclusivo sobre os paradoxos, riscos e lutos do amor contemporâneo Neste domingo (22.06), às 16h, no Palco Apoteose Shell da Bienal do Livro Rio, a psicanalista Ana Suy e a jornalista e CEO da Obvious, Marcela Ceribelli, vão se encontrar para um diálogo instigante sobre as transformações do amor nos tempos contemporâneos. Sob curadoria da escritora Thalita Rebouças e mediação da autora Iana Villela, a conversa aborda temas como os limites do amor romântico, as expectativas que moldam as relações, o impacto do controle emocional e as dificuldades dos lutos não assumidos.
Para antecipar esse debate, elas aceitaram um convite especial da Vogue Brasil para um bate-bola exclusivo, no formato pergunta e resposta: uma conversa informal que já revela alguns dos temas que serão aprofundados no evento.
Marcela Ceribelli pergunta:
“Ana, em nossa última conversa você disse que ‘todo encontro é também um desencontro com aquilo que a gente imaginava’. Será que, ao tentarmos manter tanto controle sobre o que sentimos e sobre o outro, a gente não acaba sabotando justamente o que há de mais vivo num encontro? Onde entra o risco — e por que ele assusta tanto?”
Ana Suy responde:
“Eu acho que o amor, no sentido do desejo de duas pessoas se ligarem, não faz sentido sozinho. Se é recíproco, pronto, elas se unem e ficam juntas, seria o sonho infantil do ‘foram felizes para sempre’. Mas o amor vem junto com uma certa repulsa, que podemos chamar de solidão, vazio ou, para ser freudiana, ódio. Para Freud, o ódio é um afeto anterior ao amor: a gente precisa primeiro estar afastado para depois querer se unir. Amor e ódio são forças que atuam juntas, um depende do outro. Duas pessoas querem ficar juntas, mas ao mesmo tempo resistem a isso — e é isso que mantém o movimento do amor vivo. Se o movimento termina, acabou o amor.”
Marcela Ceribelli pergunta:
“Você fala com muita delicadeza sobre os fins e lutos, inclusive os que nunca são oficiais. Eu tenho escrito sobre essa zona ambígua entre o ‘quase’ e o ‘não mais’, onde o silêncio vira resposta e o algoritmo continua nos lembrando da existência do outro. Como a psicanálise lida com esses lutos não autorizados? A ausência de um ponto final pode adoecer mais do que o fim em si?”
Ana Suy responde:
“Para que o amor deixe de acontecer, o ódio precisa ganhar a parada. Mas às vezes o ódio ganha corpo e não consegue acabar com o amor, e aí ficamos no ‘amódio’ — um conceito de Lacan que une amor e ódio para mostrar que não dá para separar esses sentimentos. Há pessoas que ficam odiando alguém a vida inteira, e isso é uma forma, ainda que lamentável, de amor porque sustenta a ligação. Para elaborar o luto, é preciso se separar não do que já foi, mas do que poderia ter sido. Essa separação é o que realmente dói, especialmente quando o outro desaparece — seja pelo ghosting ou pela morte — e ficamos presos ao ‘e se’ e ao ‘quase que’. Mesmo que o outro coloque um ponto final, o que importa é que a gente coloque esse ponto final para nós mesmos. Amar é uma condição solitária, e viver o luto, ainda mais.”
Serviço
Data: Domingo, 22 de junho
Horário: 16h
Local: Palco Apoteose Shell – Bienal do Livro Rio
Endereço: Riocentro, Av. Salvador Allende, 6555, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. @bienaldolivro
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