A Groenlândia concedeu nesta quarta-feira (21) uma licença de mineração de 30 anos a um grupo de mineração franco-dinamarquês que visa extrair uma rocha semelhante à lunar que pode oferecer uma alternativa ecologicamente correta na produção de alumínio.
A ilha do Ártico, rica em minerais, petróleo e gás natural, e há muito vista como uma potencial fronteira de recursos, atraiu atenção internacional desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou interesse em comprá-la no início de 2025.
A licença foi concedida à Greenland Anorthosite Mining (GAM), que está desenvolvendo um projeto no oeste da Groenlândia. A empresa é apoiada pela gestora francesa Jean Boulle Group e por fundos de investimento estatais tanto na Groenlândia quanto na Dinamarca.
O anortosito, uma rocha branca composta principalmente de alumínio, microssílica e cálcio, é semelhante ao material trazido pelas missões Apollo da Nasa. A GAM planeja enviar anortosito triturado para a indústria de fibra de vidro, onde poderia substituir o caulim como um insumo mais sustentável.
A ambição maior é usá-lo como alternativa à bauxita na produção de alumínio, um material-chave na redução de emissões devido à sua reciclabilidade e uso em veículos leves.
“Minha esperança é que a mina esteja operacional em cinco anos”, disse a ministra de recursos minerais da Groenlândia, Naaja Nathanielsen, à Reuters.
Apesar do destaque geopolítico, Nathanielsen disse que o interesse dos EUA na Groenlândia ainda não se traduziu em investimento tangível. “No momento, todo o alvoroço não resultou em aumento do apetite por investimento diretamente na Groenlândia”, disse ela, referindo-se à proposta de Trump de comprar a ilha.
“Recebemos vários investidores, mas ainda não vimos nenhum exemplo concreto de fundos americanos sendo injetados na comunidade empresarial da Groenlândia”, continuou.
Delegações empresariais americanas têm visitado a ilha desde o início do ano, mas o diálogo formal com o novo governo dos EUA ainda não começou. No entanto, o diálogo com parceiros europeus estava progredindo.
“Não há dúvida de que o diálogo tanto com a UE quanto com a Dinamarca está transcorrendo de forma mais tranquila. Isso não é apenas resultado do barulho feito pelo governo dos EUA, mas também resultado de vários anos de cooperação intensificada”, afirmou a ministra
Nathanielsen foi reconduzida ao cargo em abril, depois que um governo mais pró-negócios chegou ao poder. O setor de mineração da ilha desenvolveu-se lentamente, prejudicado pelo interesse limitado dos investidores, desafios burocráticos e preocupações ambientais. Atualmente, apenas duas pequenas minas estão em operação.
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