O cineasta Fernando Meirelles conta que, até os 8 anos de idade, costumava ir à missa todos os domingos. Hoje, não acredita em um “Deus com quem a gente possa conversar”. Confessa, contudo, ter se tornado “grande fã” do papa Francisco. Isso, em parte, porque o papa produziu a Encíclica “Laudato si”, sobre meio ambiente, tema caro ao brasileiro. Também pela preocupação do líder religioso com os pobres. Mas, principalmente, porque Francisco “olha a realidade, não só o transcendente, o que está depois, na outra vida. Ele olha para a vida que está hoje ao nosso lado.”
Um dos filmes de maior sucesso de Fernando Meirelles é “Dois Papas”, produção italiana, argentina, britânica e americana, de 2019, com roteiro de Anthony McCarten e produzido pela Netflix. O ator britânico Jonathan Pryce representava o então cardeal de Buenos Aires Jorge Mario Bergoglio e o britânico Anthony Hopkins fazia o papa Bento XVI.
A obra, baseada em fatos reais, retrata conversas entre os dois Papas. Os encontros não aconteceram daquela forma. O filme retratou, contudo, questões que a Igreja Católica enfrenta no século 21.
Teve quatro indicações ao Globo de Ouro e foi indicado a três Oscar – melhor ator (Pryce), melhor ator coadjuvante (Hopkins) e melhor roteiro adaptado (McCarten). “É um filme pouco religioso. É mais sobre dois velhinhos se confrontando com a própria vida. Essa foi a tônica que encontrei”, diz Meirelles. “Gosto do filme”.
Em entrevista ao Valor, o cineasta conta sobre sua ligação com o Papa Francisco. “Fui criado como católico, mas hoje não acredito que exista um Deus fora da gente, com subjetividade, com quem a gente possa conversar. Mas respeito quem acredita e entendo a importância da Igreja e do Papa”, conta. “Nesse sentido, sou um grande fã do Papa Francisco, porque nesses 12 anos ele fez um trabalho muito importante em defesa das periferias e principalmente do meio ambiente.”
Meirelles tem forte ligação com a questão climática e ambiental. O Papa, lembra, “escreveu uma Encíclica, a ‘Laudato Si’, para nos lembrar de como a Terra é um ambiente frágil e como a estamos consumindo e destruindo. E como isso vai até contra as leis de Deus e acho, contra nós mesmos. Por esse trabalho impressionante e essa agenda dele, eu era um grande fã do Papa Francisco”.
O roteiro de “Dois Papas”, conta o diretor, “chegou para mim do nada. Às vezes recebo uns roteiros aqui no meu e-mail. Eu nunca tinha pensado em fazer um filme sobre o Vaticano, sobre religião. Não tenho mais ligações com a Igreja Católica. Mas li aquele roteiro e achei a história tão boa, a história desses dois líderes, os dois com culpa, autoculpa… Para mim se tratava de um filme sobre perdão.”
Conta como se interessou pelo roteiro de “Dois Papas”: “Como eu gostava muito do Papa Francisco por causa da encíclica dele sobre meio ambiente, comecei a ler o roteiro com mais atenção. Encontrei esse viés do filme sobre o perdão e o autoperdão, achei bacana explorar isso e fiz o filme.”
Para Meirelles, “o legado do Papa, acho, é esse olhar não só para a Natureza, não só para os homens e para Deus, mas para o mundo real. É quase que um Papa imanente. Ele olha a realidade, não só o transcendente, o que está depois, na outra vida. Ele olha para a vida que está hoje ao nosso lado. Acho isso muito importante.”
Sobre o sucessor de Francisco, Fernando Meirelles espera que “o Vaticano não coloque um novo Papa europeu, das antigas, que vai ficar mais cuidando das questões da tradição e de fora, do que do Planeta aqui, e esqueça o mundo onde estamos”.
O cineasta considera o líder religioso “uma das vozes mais razoáveis do Planeta hoje, quando temos líderes malucos que lidam com coisas que só existem dentro da cabeça deles, enquanto o Papa olhava para o mundo com racionalidade, usava a Ciência para inspirar seus discursos. Acho isso muito bonito.”
Meirelles estava entristecido com a morte do Papa. “Enquanto pesquisava a vida do Papa, conversei com amigos dele, com pessoas que conviveram com ele. As pessoas o achavam muito duro. Ninguém gostava muito dele na Argentina. Mas fui entendendo o Papa e foi crescendo a minha admiração por ele”, conta. “Fiquei dois anos pensando neste homem, escaranfunchando a vida dele, e eu o admirava. Ele foi embora e hoje, para mim, é um dia triste”.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2019/m/V/ryMtsPS2GVEZbVzXoURA/2papas.jpg)
O cineasta Fernando Meirelles conta que, até os 8 anos de idade, costumava ir à missa todos os domingos. Hoje, não acredita em um “Deus com quem a gente possa conversar”. Confessa, contudo, ter se tornado “grande fã” do papa Francisco. Isso, em parte, porque o papa produziu a Encíclica “Laudato si”, sobre meio ambiente, tema caro ao brasileiro. Também pela preocupação do líder religioso com os pobres. Mas, principalmente, porque Francisco “olha a realidade, não só o transcendente, o que está depois, na outra vida. Ele olha para a vida que está hoje ao nosso lado.”
Um dos filmes de maior sucesso de Fernando Meirelles é “Dois Papas”, produção italiana, argentina, britânica e americana, de 2019, com roteiro de Anthony McCarten e produzido pela Netflix. O ator britânico Jonathan Pryce representava o então cardeal de Buenos Aires Jorge Mario Bergoglio e o britânico Anthony Hopkins fazia o papa Bento XVI.
A obra, baseada em fatos reais, retrata conversas entre os dois Papas. Os encontros não aconteceram daquela forma. O filme retratou, contudo, questões que a Igreja Católica enfrenta no século 21.
Teve quatro indicações ao Globo de Ouro e foi indicado a três Oscar – melhor ator (Pryce), melhor ator coadjuvante (Hopkins) e melhor roteiro adaptado (McCarten). “É um filme pouco religioso. É mais sobre dois velhinhos se confrontando com a própria vida. Essa foi a tônica que encontrei”, diz Meirelles. “Gosto do filme”.
Em entrevista ao Valor, o cineasta conta sobre sua ligação com o Papa Francisco. “Fui criado como católico, mas hoje não acredito que exista um Deus fora da gente, com subjetividade, com quem a gente possa conversar. Mas respeito quem acredita e entendo a importância da Igreja e do Papa”, conta. “Nesse sentido, sou um grande fã do Papa Francisco, porque nesses 12 anos ele fez um trabalho muito importante em defesa das periferias e principalmente do meio ambiente.”
Meirelles tem forte ligação com a questão climática e ambiental. O Papa, lembra, “escreveu uma Encíclica, a ‘Laudato Si’, para nos lembrar de como a Terra é um ambiente frágil e como a estamos consumindo e destruindo. E como isso vai até contra as leis de Deus e acho, contra nós mesmos. Por esse trabalho impressionante e essa agenda dele, eu era um grande fã do Papa Francisco”.
O roteiro de “Dois Papas”, conta o diretor, “chegou para mim do nada. Às vezes recebo uns roteiros aqui no meu e-mail. Eu nunca tinha pensado em fazer um filme sobre o Vaticano, sobre religião. Não tenho mais ligações com a Igreja Católica. Mas li aquele roteiro e achei a história tão boa, a história desses dois líderes, os dois com culpa, autoculpa… Para mim se tratava de um filme sobre perdão.”
Conta como se interessou pelo roteiro de “Dois Papas”: “Como eu gostava muito do Papa Francisco por causa da encíclica dele sobre meio ambiente, comecei a ler o roteiro com mais atenção. Encontrei esse viés do filme sobre o perdão e o autoperdão, achei bacana explorar isso e fiz o filme.”
Para Meirelles, “o legado do Papa, acho, é esse olhar não só para a Natureza, não só para os homens e para Deus, mas para o mundo real. É quase que um Papa imanente. Ele olha a realidade, não só o transcendente, o que está depois, na outra vida. Ele olha para a vida que está hoje ao nosso lado. Acho isso muito importante.”
Sobre o sucessor de Francisco, Fernando Meirelles espera que “o Vaticano não coloque um novo Papa europeu, das antigas, que vai ficar mais cuidando das questões da tradição e de fora, do que do Planeta aqui, e esqueça o mundo onde estamos”.
O cineasta considera o líder religioso “uma das vozes mais razoáveis do Planeta hoje, quando temos líderes malucos que lidam com coisas que só existem dentro da cabeça deles, enquanto o Papa olhava para o mundo com racionalidade, usava a Ciência para inspirar seus discursos. Acho isso muito bonito.”
Meirelles estava entristecido com a morte do Papa. “Enquanto pesquisava a vida do Papa, conversei com amigos dele, com pessoas que conviveram com ele. As pessoas o achavam muito duro. Ninguém gostava muito dele na Argentina. Mas fui entendendo o Papa e foi crescendo a minha admiração por ele”, conta. “Fiquei dois anos pensando neste homem, escaranfunchando a vida dele, e eu o admirava. Ele foi embora e hoje, para mim, é um dia triste”.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2019/m/V/ryMtsPS2GVEZbVzXoURA/2papas.jpg)