Em 1967, Alexandre Gonçalves Silva estava no último ano da faculdade de engenharia e conseguiu o primeiro emprego, uma vaga de estagiário na Varig, então a maior companhia aérea do Brasil. Não gostou muito de ficar no escritório, pediu para mudar e ganhou um macacão para trabalhar com os mecânicos na pista do aeroporto Santos Dumont, no Rio.
Rejeitado no início pelos trabalhadores, que o olhavam com desconfiança, logo fez amigos e procurou aprender tudo que pudesse sobre os motores dos aviões, que o fascinavam – como dar a partida, como trocar o óleo, quais eram os procedimentos para revisá-los e testá-los.
Mais importante, ele teve ali suas primeiras lições sobre o trabalho numa grande empresa. “Entendi como funciona a cabeça do pessoal no chão de fábrica”, diz o executivo. “Percebi como é importante para qualquer companhia conhecer seus anseios e saber o que pensam.”
Em abril deste ano, Silva deixou o conselho de administração da Embraer, que presidiu por 13 anos, para assumir a presidência do novo conselho da Sabesp, a companhia de saneamento básico privatizada recentemente pelo governo do Estado de São Paulo.
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Silva entrou na Embraer em 2011, quando a fabricante de jatos comerciais, privatizada em 1994, já tinha consolidado sua liderança no mercado de aviação regional. Ele assumiu a presidência do conselho de administração no ano seguinte e ocupou a posição num período crítico, em que a empresa desenvolveu novos produtos e enfrentou grandes turbulências.
Quando Silva chegou, a Embraer se preparava para lançar jatos maiores e desenvolvia o C-390, cargueiro militar que lhe permitiu avançar no mercado de segurança e defesa. Quando saiu, acompanhava com atenção os trabalhos na Eve, subsidiária que desenvolve um veículo elétrico para transporte aéreo de passageiros em grandes cidades. “Foi um privilégio estar na Embraer durante um período de transição e crescimento como esse”, diz o executivo.
Silva estava na Embraer quando ela negociou a transferência da sua divisão de jatos comerciais para uma nova empresa controlada pela Boeing, e também quando o trato foi desfeito, um ano depois. “Muitos acionistas ficaram excitadíssimos com a possibilidade de vender, mas o conselho também precisava se preocupar com o longo prazo”, afirma o executivo. “Tivemos que conversar com todo mundo para entregar o melhor para os acionistas sem descuidar do futuro da empresa.”
Tudo isso em meio à pandemia de covid-19, que teve impacto brutal no mercado de aviação comercial e obrigou a Embraer a reduzir custos e a se reestruturar. A empresa conseguiu se levantar novamente depois que a crise sanitária ficou para trás, e suas ações tiveram forte valorização no ano passado.
Os aviões estiveram no centro das preocupações de Silva durante a maior parte da sua carreira. Após concluir a faculdade e trabalhar por um tempo na Varig, ele foi para a Celma, empresa que fazia manutenção de motores de aviões e foi estatizada pelos militares, e depois participou de uma equipe criada pela Aeronáutica para estudar a viabilidade de desenvolver uma indústria de motores de aviões no país, sonho nunca realizado.
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Com o fim do projeto, ele assumiu a presidência da Motortec, que fazia revisão de motores para a Embraer, então estatal. Dirigiu-a por mais de uma década e voltou à Celma com a missão de prepará-la para ser privatizada. Continuou à frente da empresa após a venda, em 1990, e depois que a americana General Electric assumiu o controle do negócio, em 1996.
Silva deixou a Celma em 2001 para assumir o posto de principal executivo da GE para a América do Sul, tornando-se responsável por todos os negócios da multinacional na região. Ficou até 2007 e saiu para se tornar conselheiro profissional, deixando sua marca na Embraer e em outras empresas.
Em 1967, Alexandre Gonçalves Silva estava no último ano da faculdade de engenharia e conseguiu o primeiro emprego, uma vaga de estagiário na Varig, então a maior companhia aérea do Brasil. Não gostou muito de ficar no escritório, pediu para mudar e ganhou um macacão para trabalhar com os mecânicos na pista do aeroporto Santos Dumont, no Rio.
Rejeitado no início pelos trabalhadores, que o olhavam com desconfiança, logo fez amigos e procurou aprender tudo que pudesse sobre os motores dos aviões, que o fascinavam – como dar a partida, como trocar o óleo, quais eram os procedimentos para revisá-los e testá-los.
Mais importante, ele teve ali suas primeiras lições sobre o trabalho numa grande empresa. “Entendi como funciona a cabeça do pessoal no chão de fábrica”, diz o executivo. “Percebi como é importante para qualquer companhia conhecer seus anseios e saber o que pensam.”
Em abril deste ano, Silva deixou o conselho de administração da Embraer, que presidiu por 13 anos, para assumir a presidência do novo conselho da Sabesp, a companhia de saneamento básico privatizada recentemente pelo governo do Estado de São Paulo.
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Silva entrou na Embraer em 2011, quando a fabricante de jatos comerciais, privatizada em 1994, já tinha consolidado sua liderança no mercado de aviação regional. Ele assumiu a presidência do conselho de administração no ano seguinte e ocupou a posição num período crítico, em que a empresa desenvolveu novos produtos e enfrentou grandes turbulências.
Quando Silva chegou, a Embraer se preparava para lançar jatos maiores e desenvolvia o C-390, cargueiro militar que lhe permitiu avançar no mercado de segurança e defesa. Quando saiu, acompanhava com atenção os trabalhos na Eve, subsidiária que desenvolve um veículo elétrico para transporte aéreo de passageiros em grandes cidades. “Foi um privilégio estar na Embraer durante um período de transição e crescimento como esse”, diz o executivo.
Silva estava na Embraer quando ela negociou a transferência da sua divisão de jatos comerciais para uma nova empresa controlada pela Boeing, e também quando o trato foi desfeito, um ano depois. “Muitos acionistas ficaram excitadíssimos com a possibilidade de vender, mas o conselho também precisava se preocupar com o longo prazo”, afirma o executivo. “Tivemos que conversar com todo mundo para entregar o melhor para os acionistas sem descuidar do futuro da empresa.”
Tudo isso em meio à pandemia de covid-19, que teve impacto brutal no mercado de aviação comercial e obrigou a Embraer a reduzir custos e a se reestruturar. A empresa conseguiu se levantar novamente depois que a crise sanitária ficou para trás, e suas ações tiveram forte valorização no ano passado.
Os aviões estiveram no centro das preocupações de Silva durante a maior parte da sua carreira. Após concluir a faculdade e trabalhar por um tempo na Varig, ele foi para a Celma, empresa que fazia manutenção de motores de aviões e foi estatizada pelos militares, e depois participou de uma equipe criada pela Aeronáutica para estudar a viabilidade de desenvolver uma indústria de motores de aviões no país, sonho nunca realizado.
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Com o fim do projeto, ele assumiu a presidência da Motortec, que fazia revisão de motores para a Embraer, então estatal. Dirigiu-a por mais de uma década e voltou à Celma com a missão de prepará-la para ser privatizada. Continuou à frente da empresa após a venda, em 1990, e depois que a americana General Electric assumiu o controle do negócio, em 1996.
Silva deixou a Celma em 2001 para assumir o posto de principal executivo da GE para a América do Sul, tornando-se responsável por todos os negócios da multinacional na região. Ficou até 2007 e saiu para se tornar conselheiro profissional, deixando sua marca na Embraer e em outras empresas.