Conheça Rodrigo Bibo, o escritor evangélico e nerd…

À primeira vista, o cenário dos vídeos do escritor e youtuber Rodrigo Bibo em nada remetem a seu tema principal. “Aquele ali em cima é o Jake Sully”, aponta ele para o boneco azul do filme Avatar, um dos vários da coleção que o cerca ao fundo durante entrevista via vídeo a VEJA, feita no mesmo cômodo onde ele também fala com seus seguidores on-line. Compõem a coleção bonecos de heróis da Marvel e da DC Comics, de personagens de filmes clássicos de ficção científica, como Planeta dos Macacos, outros vários de Senhor dos Anéis, uma plaquinha escrita “Believe”, do seriado Ted Lasso. Apenas um elemento da decoração aponta literalmente para o assunto tratado por Bibo: uma cruz de madeira lembra que o catarinense é um teólogo. “Aos pés da cruz está o Walter White de Breaking Bad”, mostra ele, num posicionamento curioso do personagem produtor de drogas na famosa série de TV. Ao contrário de muitos colegas seguidores da fé evangélica, Bibo não vê esses programas chamados por religiosos de “seculares” como algo a ser rejeitado. Pelo contrário. “Se assisto uma animação da Pixar, vou acabar encontrando Deus ali”, diz ele na conversa. 

Comandando o podcast Bibotalk que soma 40.000 ouvintes mensais, sendo o maior do tema no Brasil, e mais de 180.000 inscritos no canal do Youtube, Bibo ganhou nova popularidade ao se aventurar no mercado editorial. Seu primeiro livro, O Deus que Destrói Sonhos, vendeu 600.000 exemplares – se tornando um dos títulos mais vendidos de 2024. Recentemente ele lançou Como se Tornar um Cristão Inútil, que em menos de um mês nas livrarias passou das 40.000 cópias comercializadas. Os nomes das obras, ambas publicadas pela editora Thomas Nelson, dão o tom da visão de mundo do autor. 

Nascido e criado em Joinville, Santa Catarina, Rodrigo Bibo de Aquino – Bibo é um apelido de família que pegou –, vai na contramão de movimentos e pensamentos populares em igrejas cristãs, entre elas a teologia da prosperidade, que serviu de inspiração para o primeiro livro. “Existe um movimento que diz que Deus vai te fazer feliz e realizar seus sonhos. Se você fizer A ou B, Ele vai lhe recompensar. É uma teologia coach que distorce a Bíblia”, afirma o teólogo. “Eu acredito em um Deus que, muitas vezes, vai destruir os meus sonhos, porque minha vontade não é soberana. Deus não é um gênio da lâmpada pronto para realizar meus desejos.” 

Os questionamentos de Bibo nem sempre são bem recebidos. Convertido à fé evangélica com 17 anos e, poucos anos depois, formado em teologia pela Faculdade Luterana, ele chegou a ser expulso da rádio de uma igreja pentecostal onde apresentava um programa — culpa de sua língua afiada. Ainda interessado em falar publicamente sobre a Bíblia, mas sem o desejo de abrir a própria igreja ou virar pastor – por falta de aptidão para a função, disse o próprio –, ele optou por desbravar o pouco conhecido universo dos podcasts, em 2011. “Era uma coisa só de nerd”, contou, atestando sua fama.  

Para explicar a inspiração do segundo livro, ele usa Senhor dos Anéis como exemplo. “O que eu vejo de exemplo para os cristãos na saga é a comunhão”, afirma, citando a Sociedade do Anel, na qual um grupo de personagens distintos se une com um propósito, destruir o perigoso acessório e, assim, impedir o mal de dominar o mundo. “O Frodo pode ser o protagonista, mas ele não conseguiria sem o Sam. A igreja é a mesma coisa. Pessoas distintas e unidas. Alguns serão padres, pastores, cantores. Mas eles não devem se achar mais relevantes que os demais.” Dessa análise nasceu Como se Tornar um Cristão Inútil, sobre os vários tipos de pessoas que compõem um grupo religioso. “A Bíblia diz que devemos levar os fardos uns dos outros. Quando o Sam diz ao Frodo que não pode levar o anel, mas pode carregar o portador do anel, quando o amigo já não pode mais andar, rapaz! Isso é Evangelho puro”, se anima o youtuber. 

Os dois livros devem compor uma trilogia. “Deus destrói os teus sonhos para que você seja um discípulo dEle. Se tornar um discípulo dEle não é ter mérito algum. Você nem merece, mas Ele te abençoa para que você sirva aos irmãos”, explica ele sobre a conexão. O próximo passo é um livro na linha “que roupa usar no fim do mundo”. “Os evangélicos têm fixação com o Apocalipse, tudo é sinal do fim do mundo. Mais importante do que olhar para a segunda vinda de Cristo é falar da primeira. Falar de esperança, não de destruição.” Taí um nerd sem papas na língua. 

À primeira vista, o cenário dos vídeos do escritor e youtuber Rodrigo Bibo em nada remetem a seu tema principal. “Aquele ali em cima é o Jake Sully”, aponta ele para o boneco azul do filme Avatar, um dos vários da coleção que o cerca ao fundo durante entrevista via vídeo a VEJA, feita no mesmo cômodo onde ele também fala com seus seguidores on-line. Compõem a coleção bonecos de heróis da Marvel e da DC Comics, de personagens de filmes clássicos de ficção científica, como Planeta dos Macacos, outros vários de Senhor dos Anéis, uma plaquinha escrita “Believe”, do seriado Ted Lasso. Apenas um elemento da decoração aponta literalmente para o assunto tratado por Bibo: uma cruz de madeira lembra que o catarinense é um teólogo. “Aos pés da cruz está o Walter White de Breaking Bad”, mostra ele, num posicionamento curioso do personagem produtor de drogas na famosa série de TV. Ao contrário de muitos colegas seguidores da fé evangélica, Bibo não vê esses programas chamados por religiosos de “seculares” como algo a ser rejeitado. Pelo contrário. “Se assisto uma animação da Pixar, vou acabar encontrando Deus ali”, diz ele na conversa. 

Comandando o podcast Bibotalk que soma 40.000 ouvintes mensais, sendo o maior do tema no Brasil, e mais de 180.000 inscritos no canal do Youtube, Bibo ganhou nova popularidade ao se aventurar no mercado editorial. Seu primeiro livro, O Deus que Destrói Sonhos, vendeu 600.000 exemplares – se tornando um dos títulos mais vendidos de 2024. Recentemente ele lançou Como se Tornar um Cristão Inútil, que em menos de um mês nas livrarias passou das 40.000 cópias comercializadas. Os nomes das obras, ambas publicadas pela editora Thomas Nelson, dão o tom da visão de mundo do autor. 

Nascido e criado em Joinville, Santa Catarina, Rodrigo Bibo de Aquino – Bibo é um apelido de família que pegou –, vai na contramão de movimentos e pensamentos populares em igrejas cristãs, entre elas a teologia da prosperidade, que serviu de inspiração para o primeiro livro. “Existe um movimento que diz que Deus vai te fazer feliz e realizar seus sonhos. Se você fizer A ou B, Ele vai lhe recompensar. É uma teologia coach que distorce a Bíblia”, afirma o teólogo. “Eu acredito em um Deus que, muitas vezes, vai destruir os meus sonhos, porque minha vontade não é soberana. Deus não é um gênio da lâmpada pronto para realizar meus desejos.” 

Os questionamentos de Bibo nem sempre são bem recebidos. Convertido à fé evangélica com 17 anos e, poucos anos depois, formado em teologia pela Faculdade Luterana, ele chegou a ser expulso da rádio de uma igreja pentecostal onde apresentava um programa — culpa de sua língua afiada. Ainda interessado em falar publicamente sobre a Bíblia, mas sem o desejo de abrir a própria igreja ou virar pastor – por falta de aptidão para a função, disse o próprio –, ele optou por desbravar o pouco conhecido universo dos podcasts, em 2011. “Era uma coisa só de nerd”, contou, atestando sua fama.  

Para explicar a inspiração do segundo livro, ele usa Senhor dos Anéis como exemplo. “O que eu vejo de exemplo para os cristãos na saga é a comunhão”, afirma, citando a Sociedade do Anel, na qual um grupo de personagens distintos se une com um propósito, destruir o perigoso acessório e, assim, impedir o mal de dominar o mundo. “O Frodo pode ser o protagonista, mas ele não conseguiria sem o Sam. A igreja é a mesma coisa. Pessoas distintas e unidas. Alguns serão padres, pastores, cantores. Mas eles não devem se achar mais relevantes que os demais.” Dessa análise nasceu Como se Tornar um Cristão Inútil, sobre os vários tipos de pessoas que compõem um grupo religioso. “A Bíblia diz que devemos levar os fardos uns dos outros. Quando o Sam diz ao Frodo que não pode levar o anel, mas pode carregar o portador do anel, quando o amigo já não pode mais andar, rapaz! Isso é Evangelho puro”, se anima o youtuber. 

Os dois livros devem compor uma trilogia. “Deus destrói os teus sonhos para que você seja um discípulo dEle. Se tornar um discípulo dEle não é ter mérito algum. Você nem merece, mas Ele te abençoa para que você sirva aos irmãos”, explica ele sobre a conexão. O próximo passo é um livro na linha “que roupa usar no fim do mundo”. “Os evangélicos têm fixação com o Apocalipse, tudo é sinal do fim do mundo. Mais importante do que olhar para a segunda vinda de Cristo é falar da primeira. Falar de esperança, não de destruição.” Taí um nerd sem papas na língua.