O setor de sorvetes premium é altamente competitivo nos Estados Unidos. Marcas tradicionais disputam espaço nos freezers dos supermercados, enquanto sorveterias artesanais tentam se destacar com ingredientes sofisticados e propostas inovadoras.
Dentro desse cenário, a Van Leeuwen Ice Cream se consolidou como um fenômeno: começou em 2008 com um caminhão amarelo em Nova York e hoje tem mais de 70 lojas próprias e presença em 10.000 supermercados pelo país.
O que poucos sabem é que, além dos desafios do negócio, os fundadores precisaram administrar um divórcio no meio do caminho.
Ben Van Leeuwen e Laura O’Neill, que criaram a empresa ao lado de Pete Van Leeuwen, começaram como um casal apaixonado pelo sonho de empreender. Em 2011, o relacionamento acabou, mas a sociedade continuou. O que poderia ter sido o fim da empresa se transformou em um dos fatores que ajudaram a impulsionar o crescimento.
“No começo, achei que teria que sair”, disse Laura à Inc, publicação especializada norte-americana. “Mas percebemos que dava para fazer isso funcionar. A maioria das pessoas não mantém esse tipo de relação, mas nos tornamos quase família.”
Do casamento à sociedade: a história da Van Leeuwen
A história começou em 2006, quando Ben e Laura se conheceram em Londres. Pouco tempo depois, se mudaram para Nova York, onde, junto com Pete, começaram a escrever o plano de negócios da sorveteria.
A ideia era criar um sorvete de ingredientes puros e simples, sem conservantes ou estabilizantes artificiais.
O trio arrecadou 60.000 dólares entre amigos e familiares e comprou dois caminhões usados para rodar pela cidade.
O primeiro dia de operação foi emblemático: aconteceu um dia depois do casamento de Ben e Laura, quando os dois precisaram acordar de ressaca para levar o caminhão a uma feira em Tribeca. “Tudo era sobre o negócio. Mesmo nos momentos mais difíceis, nunca pensamos em parar”, diz Ben.
O sucesso foi rápido. Em 2010, abriram a primeira loja física no Brooklyn e, em pouco tempo, o faturamento chegou a 1 milhão de dólares. Dois anos depois, inauguraram uma fábrica própria no bairro de Greenpoint para acelerar a produção. O crescimento, no entanto, coincidiu com um desgaste na relação pessoal entre Ben e Laura.
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O impacto do divórcio nos negócios
Separar uma vida pessoal de uma sociedade não é simples. No caso de Ben e Laura, a decisão de seguir como sócios exigiu maturidade.
“No começo, foi difícil”, conta Laura. “Mas, depois que superamos a parte dramática, percebemos que nossa amizade e nossa parceria profissional eram mais fortes do que nosso casamento.”
A dinâmica de trabalho também mudou. Nos primeiros anos, os três sócios tomavam todas as decisões juntos. Hoje, cada um tem funções mais bem definidas.
Laura lidera a operação na Costa Oeste, onde mora desde 2017, e Ben segue em Nova York, focado na inovação e na criação de novos sabores. “No começo, fazíamos tudo juntos. Agora, conversamos o tempo todo, mas sabemos que o negócio precisa andar sem depender de uma única pessoa”, diz Ben.
De um caminhão para um império
O modelo de sorvete artesanal e ingredientes premium ganhou espaço rapidamente. Hoje, a Van Leeuwen está presente em 10 estados dos EUA e já cruzou fronteiras, com uma loja em Singapura. A empresa também conquistou os supermercados, vendendo potes de sorvete em redes como Whole Foods e Walmart.
Parte do sucesso vem da estratégia de lançar sabores inusitados, como sorvete de mac and cheese, feito em parceria com a Kraft, e um sabor inspirado no molho ranch da Hidden Valle
y. As combinações viraram assunto nas redes sociais e ajudaram a consolidar a marca entre os consumidores mais jovens.
Agora, o plano é expandir ainda mais. O objetivo é chegar a 100 lojas nos próximos anos, mantendo a aposta em ingredientes selecionados e sabores inesperados.
Uma sociedade que sobreviveu ao fim do casamento
O tempo consolidou a relação entre Ben e Laura. Mesmo morando em cidades diferentes, os dois mantêm uma rotina de contato intenso e, quando Laura está em Nova York, ainda fica hospedada na casa de Ben. “Se você supera a parte difícil de um rompimento, pode manter uma grande amizade”, diz Laura.
Ben complementa: “Pode parecer improvável, mas somos um tipo diferente de alma gêmea. Como sócios, funcionamos melhor do que como casal.”
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