
Não fosse histórica a rivalidade entre Irã e Israel, a ótima série da Apple TV+ Teerã poderia dizer que “previu” as razões para o atual conflito na região. Mas melhor do que prever o óbvio é mostrar bastidores pouco explorados e fora do alcance do noticiário sobre a guerra. Na trama, a agente do Mossad, o serviço secreto israelense, Tamar (Niv Sultan) se infiltra em Teerã para hackear o sistema de energia iraniano. O plano era derrubar um sistema de radares e expor aos satélites centros que estariam produzindo armas nucleares. Assim que entra no país, ela logo é notada pelo sagaz agente iraniano Faraz Kamali (vivido pelo ótimo ator Shaun Toub), que passa a persegui-la, impossibilitando a saída de Tamar do Irã. Ao longo de três temporadas, a relação dela com o país vai mudando, assim como sua confiança no Mossad. Ela reencontra parte de sua família que vive em Teerã, se apaixona, cria laços e, aos poucos, descobre novas camadas humanas e também da criminalidade, que se desenvolvem por baixo de um regime autoritário e uma vizinhança em eterno conflito geopolítico. A trama fez tanto sucesso que atraiu nomes de Hollywood: reforçaram o elenco a partir da segunda temporada os atores Glenn Close e Hugh Laurie
Teerã é uma série originalmente israelense, que conta com talentos de outra trama afiada sobre a região, a série Fauda, da Netflix, sobre o conflito Israel-Palestina. Apesar disso, a visão do seriado não é totalmente unilateral. Isso porque Teerã conta com pessoas de ambos os lados da guerra em sua equipe, tanto nos bastidores quanto no elenco: aliás, os atores que representam iranianos, de fato, são de lá, algo raro em Hollywood, por exemplo.
Entre os detalhes que a série explora está a relação conflituosa da própria população com o governo teocrático — dos que o apoiam sem pestanejar e daqueles que se rebelam e buscam liberdade das doutrinas islâmicas. Para além de questões religiosas, estão no roteiro a rede de tráfico de drogas que corre pelo país e alimenta a corrupção política, as interferências da ONU e dos Estados Unidos, assim como a temida ameaça de uma guerra nuclear. Transitando por estes núcleos, Tamar representa o desejo insólito por paz, pelo combate ao crime e pela liberdade feminina — anseios válidos, mas que se revelam cada vez mais distantes, tanto na ficção quanto na vida real.

Não fosse histórica a rivalidade entre Irã e Israel, a ótima série da Apple TV+ Teerã poderia dizer que “previu” as razões para o atual conflito na região. Mas melhor do que prever o óbvio é mostrar bastidores pouco explorados e fora do alcance do noticiário sobre a guerra. Na trama, a agente do Mossad, o serviço secreto israelense, Tamar (Niv Sultan) se infiltra em Teerã para hackear o sistema de energia iraniano. O plano era derrubar um sistema de radares e expor aos satélites centros que estariam produzindo armas nucleares. Assim que entra no país, ela logo é notada pelo sagaz agente iraniano Faraz Kamali (vivido pelo ótimo ator Shaun Toub), que passa a persegui-la, impossibilitando a saída de Tamar do Irã. Ao longo de três temporadas, a relação dela com o país vai mudando, assim como sua confiança no Mossad. Ela reencontra parte de sua família que vive em Teerã, se apaixona, cria laços e, aos poucos, descobre novas camadas humanas e também da criminalidade, que se desenvolvem por baixo de um regime autoritário e uma vizinhança em eterno conflito geopolítico. A trama fez tanto sucesso que atraiu nomes de Hollywood: reforçaram o elenco a partir da segunda temporada os atores Glenn Close e Hugh Laurie
Teerã é uma série originalmente israelense, que conta com talentos de outra trama afiada sobre a região, a série Fauda, da Netflix, sobre o conflito Israel-Palestina. Apesar disso, a visão do seriado não é totalmente unilateral. Isso porque Teerã conta com pessoas de ambos os lados da guerra em sua equipe, tanto nos bastidores quanto no elenco: aliás, os atores que representam iranianos, de fato, são de lá, algo raro em Hollywood, por exemplo.
Entre os detalhes que a série explora está a relação conflituosa da própria população com o governo teocrático — dos que o apoiam sem pestanejar e daqueles que se rebelam e buscam liberdade das doutrinas islâmicas. Para além de questões religiosas, estão no roteiro a rede de tráfico de drogas que corre pelo país e alimenta a corrupção política, as interferências da ONU e dos Estados Unidos, assim como a temida ameaça de uma guerra nuclear. Transitando por estes núcleos, Tamar representa o desejo insólito por paz, pelo combate ao crime e pela liberdade feminina — anseios válidos, mas que se revelam cada vez mais distantes, tanto na ficção quanto na vida real.