Em meados dos anos 2000, o paulista José Roberto Corrêa teve a ideia de unir sua formação em engenharia com os negócios da família: a venda de madeira, em Suzano (SP). O ‘casamento’ deu certo: ele passou a fabricar vigas, pilares e painéis de madeira engenheirada — processo industrial que dá mais resistência e amplia o uso da matéria-prima na construção civil — e transformou a Crosslam em referência nacional no assunto. Nos últimos anos, o interesse pelo material cresceu exponencialmente no país, mas ainda está aquém de seu potencial, segundo Corrêa. Para ele, há muitos mitos que precisam ser desmistificados.
O que falta para a madeira engenheirada ser mais usada na construção civil?
Ainda existe muito desconhecimento e mitos a respeito desse tipo de material: custo, segurança e limites técnicos. Investimos muito em P&D para garantir ao mercado, com total certeza, que não existem barreiras ao uso desse recurso.
Tecnicamente, não. No exterior, já existem projetos muito altos, com até 40 pavimentos. Nós temos alguns prédios corporativos no Brasil com seis pisos e recebemos muitas consultas sobre isso. No momento, estamos desenvolvendo um projeto no estado de São Paulo com dez andares.
Muito se questiona sobre a resistência ao fogo também…
O material é extremamente seguro, alinhado às normas vigentes e pode ser usado pela construção civil sem risco. Não existe um material que tenha sido mais estudado e investigado sobre seu comportamento em altas temperaturas do que a madeira. O aço, por exemplo, escoa sob o fogo e muda seu comportamento. A madeira, não.
Se o projeto já nascer prevendo o uso de madeira engenheirada, o custo será o mesmo de um em alvenaria tradicional ou pré-moldado. Com a vantagem de dar mais agilidade à obra, por ser um sistema industrializado, e mais beleza também.
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Que vantagens traz para o setor?
Agrega valor em termos de sustentabilidade, pois vem de fonte renovável, usando matéria-prima de reflorestamento, é muito flexível e aceita bem ser manufaturado por recursos tecnológicos como robôs, além de ter a possibilidade de trazer as novas gerações de volta ao setor, por ter uma fase digital no seu processo de fabricação.
Como você descobriu o material?
Um dia, passando por uma obra, vi os operários carregando uma viga que parecia ser de aço, mas era de madeira industrializada. Achei superinteressante e procurei reproduzir na nossa fábrica: eram vigas H20, usadas para escorar concreto. Eu já tinha a ideia de unir engenharia com o negócio da madeira. Depois, fizemos uma casa de altíssimo padrão em Teresópolis (RJ), toda em madeira, e o negócio foi evoluindo e agregando novas tecnologias. No fim dos anos 2010, com a crise do mercado imobiliário, nossa produção de vigas caiu quase a zero, e foram os projetos com madeira engenheirada que seguraram a companhia.
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Como começou a longa relação da sua família com o mercado de madeira do país?
Meu bisavô tinha uma loja de materiais de construção que vendia lenha e madeiras, e meu avô e meu pai seguiram com o negócio. Grande parte da madeira vinha do Sul e do Centro-Oeste, mas as espécies foram se tornando escassas. Eu vi as florestas de araucária e peroba rosa da Região Sul serem devastadas. Depois, a exploração foi para a Região Amazônica. Eu mesmo cheguei a ir de caminhão até Rondônia para negociar com as serrarias locais. Tudo isso me marcou, e a opção por trabalhar com madeira engenheirada tem a ver com esse sentimento.
Como você avalia o negócio da extração de madeira hoje?
Eu não consigo, sinceramente, fazer um juízo de valor sobre isso. Mas, quando você tem algo muito abundante, tende a não preservar e perder. Tudo o que se tem muito fácil vai embora fácil. Desperdiçamos muita madeira boa naquela época, por desconhecimento. Faltou uma visão de futuro de quem explorava e das autoridades. E é algo que ainda permanece: não há projetos de manejo florestal feitos de maneira adequada. Falta ao poder público estudar melhor o tema e concluir que deixar a floresta em pé tem mais valor.
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Em meados dos anos 2000, o paulista José Roberto Corrêa teve a ideia de unir sua formação em engenharia com os negócios da família: a venda de madeira, em Suzano (SP). O ‘casamento’ deu certo: ele passou a fabricar vigas, pilares e painéis de madeira engenheirada — processo industrial que dá mais resistência e amplia o uso da matéria-prima na construção civil — e transformou a Crosslam em referência nacional no assunto. Nos últimos anos, o interesse pelo material cresceu exponencialmente no país, mas ainda está aquém de seu potencial, segundo Corrêa. Para ele, há muitos mitos que precisam ser desmistificados.
O que falta para a madeira engenheirada ser mais usada na construção civil?
Ainda existe muito desconhecimento e mitos a respeito desse tipo de material: custo, segurança e limites técnicos. Investimos muito em P&D para garantir ao mercado, com total certeza, que não existem barreiras ao uso desse recurso.
Tecnicamente, não. No exterior, já existem projetos muito altos, com até 40 pavimentos. Nós temos alguns prédios corporativos no Brasil com seis pisos e recebemos muitas consultas sobre isso. No momento, estamos desenvolvendo um projeto no estado de São Paulo com dez andares.
Muito se questiona sobre a resistência ao fogo também…
O material é extremamente seguro, alinhado às normas vigentes e pode ser usado pela construção civil sem risco. Não existe um material que tenha sido mais estudado e investigado sobre seu comportamento em altas temperaturas do que a madeira. O aço, por exemplo, escoa sob o fogo e muda seu comportamento. A madeira, não.
Se o projeto já nascer prevendo o uso de madeira engenheirada, o custo será o mesmo de um em alvenaria tradicional ou pré-moldado. Com a vantagem de dar mais agilidade à obra, por ser um sistema industrializado, e mais beleza também.
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Que vantagens traz para o setor?
Agrega valor em termos de sustentabilidade, pois vem de fonte renovável, usando matéria-prima de reflorestamento, é muito flexível e aceita bem ser manufaturado por recursos tecnológicos como robôs, além de ter a possibilidade de trazer as novas gerações de volta ao setor, por ter uma fase digital no seu processo de fabricação.
Como você descobriu o material?
Um dia, passando por uma obra, vi os operários carregando uma viga que parecia ser de aço, mas era de madeira industrializada. Achei superinteressante e procurei reproduzir na nossa fábrica: eram vigas H20, usadas para escorar concreto. Eu já tinha a ideia de unir engenharia com o negócio da madeira. Depois, fizemos uma casa de altíssimo padrão em Teresópolis (RJ), toda em madeira, e o negócio foi evoluindo e agregando novas tecnologias. No fim dos anos 2010, com a crise do mercado imobiliário, nossa produção de vigas caiu quase a zero, e foram os projetos com madeira engenheirada que seguraram a companhia.
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Como começou a longa relação da sua família com o mercado de madeira do país?
Meu bisavô tinha uma loja de materiais de construção que vendia lenha e madeiras, e meu avô e meu pai seguiram com o negócio. Grande parte da madeira vinha do Sul e do Centro-Oeste, mas as espécies foram se tornando escassas. Eu vi as florestas de araucária e peroba rosa da Região Sul serem devastadas. Depois, a exploração foi para a Região Amazônica. Eu mesmo cheguei a ir de caminhão até Rondônia para negociar com as serrarias locais. Tudo isso me marcou, e a opção por trabalhar com madeira engenheirada tem a ver com esse sentimento.
Como você avalia o negócio da extração de madeira hoje?
Eu não consigo, sinceramente, fazer um juízo de valor sobre isso. Mas, quando você tem algo muito abundante, tende a não preservar e perder. Tudo o que se tem muito fácil vai embora fácil. Desperdiçamos muita madeira boa naquela época, por desconhecimento. Faltou uma visão de futuro de quem explorava e das autoridades. E é algo que ainda permanece: não há projetos de manejo florestal feitos de maneira adequada. Falta ao poder público estudar melhor o tema e concluir que deixar a floresta em pé tem mais valor.
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