>> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: carreiranodiva@valor.com.br
“Atuo há oito anos com projetos de comunicação corporativa, sempre em ambientes dinâmicos, onde a autonomia costuma ser uma das principais qualidades valorizadas. Recentemente, mudei de área dentro da empresa e, junto com a nova função, veio também um novo gestor. No começo, achei que fosse apenas uma fase de adaptação, pois ele me copiava em todos os e-mails, pedia atualizações constantes, queria estar presente em reuniões pequenas, às vezes até desnecessárias. Mas, com o tempo, percebi que ele é do tipo que não deixa nada escapar de seu radar, e mesmo entregando bons resultados, comecei a sentir minha confiança minar. As decisões que antes eu tomava com segurança agora parecem sempre precisar de uma validação extra e eu me sinto constantemente vigiado. Como lidar com um chefe microgerenciador?” Estrategista de comunicação, 38
Oi, Pessoas Queridas! Espero que estejam bem!
Caro Leitor, sua vivência toca em algo essencial no mundo do trabalho: a linha tênue entre autonomia e vigilância. Em especial para profissionais sêniores, como você, que já construíram repertório, consistência e uma forma própria de operar, a chegada de um novo gestor pode, sim, gerar abalos sutis — mas significativos.
Você compartilha que sempre atuou com autonomia. Isso não é apenas um estilo: é um reconhecimento tácito da sua capacidade de entregar com responsabilidade e tomar decisões com maturidade. E quando esse reconhecimento desaparece, mesmo sem confrontos diretos, o corpo sente. A mente duvida. E a autoconfiança começa a oscilar.
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Muitos profissionais enfrentam exatamente isso ao vivenciar trocas de liderança. Um novo gestor traz novos códigos, novas formas de controle, novas expectativas. Às vezes, essas mudanças são naturais; outras, desequilibram o que antes fluía bem. O problema não está em você sentir desconforto — mas em acreditar que o problema é você.
Alguns caminhos para atravessar esse momento com clareza e estratégia:
- Reconheça o impacto: Não subestime o que está sentindo. Você não está exagerando. O sentimento de ser vigiado, a constante necessidade de validação e a perda de espaço para decisões autônomas afetam a autoestima profissional — especialmente em quem já provou, na prática, que sabe conduzir com responsabilidade.
- Construa diálogo com maturidade: Se houver abertura, compartilhe com o novo gestor o que valoriza em seu modo de trabalhar. Fale sobre seu histórico, os resultados obtidos e como a autonomia sempre foi uma aliada na sua performance. Pergunte: “Como posso apoiar suas expectativas de forma que também preserve o melhor do meu jeito de operar?”
- Crie visibilidade estratégica: Em momentos em que o olhar da liderança ainda está em formação, deixar seus entregáveis bem documentados, suas iniciativas bem posicionadas e seus impactos claros pode ser uma forma de fortalecer sua presença e autoridade — mesmo em um cenário mais controlado.
- Separe estilo de gestão de valor pessoal: O fato de você precisar de mais validações hoje não significa que seu valor diminuiu. Pode significar apenas que o estilo do novo gestor é mais vertical, mais presente ou mais cauteloso. Essa diferença de ritmo e forma não invalida sua experiência — apenas demanda calibração.
- Fortaleça sua identidade profissional: Quando sentir que está se questionando demais, retome memórias de sucesso, feedbacks que recebeu, projetos que liderou com excelência. Nesses momentos, é fundamental lembrar a si mesmo que você sabe o que faz — e já fez bem muitas vezes.
Autonomia não é apenas um benefício. Para muitos de nós, é parte da nossa identidade no trabalho. Quando ela parece ameaçada, não é apenas o jeito de operar que muda — é como a gente se sente dentro do nosso papel.
Por isso, não deixe que esse novo contexto diminua o profissional que você é. Use sua inteligência emocional e sua capacidade de comunicação para ressignificar esse momento — e, quem sabe, transformar vigilância em confiança construída.
Dani Jesus é psicóloga, ativista, criadora do Currículo Oculto e apaixonada por cultura, gestão de pessoas, diversidade, equidade e inclusão.
>> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: carreiranodiva@valor.com.br
Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.
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“Atuo há oito anos com projetos de comunicação corporativa, sempre em ambientes dinâmicos, onde a autonomia costuma ser uma das principais qualidades valorizadas. Recentemente, mudei de área dentro da empresa e, junto com a nova função, veio também um novo gestor. No começo, achei que fosse apenas uma fase de adaptação, pois ele me copiava em todos os e-mails, pedia atualizações constantes, queria estar presente em reuniões pequenas, às vezes até desnecessárias. Mas, com o tempo, percebi que ele é do tipo que não deixa nada escapar de seu radar, e mesmo entregando bons resultados, comecei a sentir minha confiança minar. As decisões que antes eu tomava com segurança agora parecem sempre precisar de uma validação extra e eu me sinto constantemente vigiado. Como lidar com um chefe microgerenciador?” Estrategista de comunicação, 38
Oi, Pessoas Queridas! Espero que estejam bem!
Caro Leitor, sua vivência toca em algo essencial no mundo do trabalho: a linha tênue entre autonomia e vigilância. Em especial para profissionais sêniores, como você, que já construíram repertório, consistência e uma forma própria de operar, a chegada de um novo gestor pode, sim, gerar abalos sutis — mas significativos.
Você compartilha que sempre atuou com autonomia. Isso não é apenas um estilo: é um reconhecimento tácito da sua capacidade de entregar com responsabilidade e tomar decisões com maturidade. E quando esse reconhecimento desaparece, mesmo sem confrontos diretos, o corpo sente. A mente duvida. E a autoconfiança começa a oscilar.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/B/y/ZQHnv0RzSZTVbxIPrSQQ/workplace-violence-taking-place-colleagues.jpg)
Muitos profissionais enfrentam exatamente isso ao vivenciar trocas de liderança. Um novo gestor traz novos códigos, novas formas de controle, novas expectativas. Às vezes, essas mudanças são naturais; outras, desequilibram o que antes fluía bem. O problema não está em você sentir desconforto — mas em acreditar que o problema é você.
Alguns caminhos para atravessar esse momento com clareza e estratégia:
- Reconheça o impacto: Não subestime o que está sentindo. Você não está exagerando. O sentimento de ser vigiado, a constante necessidade de validação e a perda de espaço para decisões autônomas afetam a autoestima profissional — especialmente em quem já provou, na prática, que sabe conduzir com responsabilidade.
- Construa diálogo com maturidade: Se houver abertura, compartilhe com o novo gestor o que valoriza em seu modo de trabalhar. Fale sobre seu histórico, os resultados obtidos e como a autonomia sempre foi uma aliada na sua performance. Pergunte: “Como posso apoiar suas expectativas de forma que também preserve o melhor do meu jeito de operar?”
- Crie visibilidade estratégica: Em momentos em que o olhar da liderança ainda está em formação, deixar seus entregáveis bem documentados, suas iniciativas bem posicionadas e seus impactos claros pode ser uma forma de fortalecer sua presença e autoridade — mesmo em um cenário mais controlado.
- Separe estilo de gestão de valor pessoal: O fato de você precisar de mais validações hoje não significa que seu valor diminuiu. Pode significar apenas que o estilo do novo gestor é mais vertical, mais presente ou mais cauteloso. Essa diferença de ritmo e forma não invalida sua experiência — apenas demanda calibração.
- Fortaleça sua identidade profissional: Quando sentir que está se questionando demais, retome memórias de sucesso, feedbacks que recebeu, projetos que liderou com excelência. Nesses momentos, é fundamental lembrar a si mesmo que você sabe o que faz — e já fez bem muitas vezes.
Autonomia não é apenas um benefício. Para muitos de nós, é parte da nossa identidade no trabalho. Quando ela parece ameaçada, não é apenas o jeito de operar que muda — é como a gente se sente dentro do nosso papel.
Por isso, não deixe que esse novo contexto diminua o profissional que você é. Use sua inteligência emocional e sua capacidade de comunicação para ressignificar esse momento — e, quem sabe, transformar vigilância em confiança construída.
Dani Jesus é psicóloga, ativista, criadora do Currículo Oculto e apaixonada por cultura, gestão de pessoas, diversidade, equidade e inclusão.
>> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: carreiranodiva@valor.com.br
Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.