O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), participou essa semana de viagens à China e ao Japão, para tentar atrair novos investimentos para o Estado. O governador criticou os juros altos do Brasil e defendeu a saída do governo de esquerda da presidência da República em 2027.
“Precisamos tirar a esquerda para que o Brasil possa ter novamente um governo com disciplina fiscal, um governo com projeto de futuro para o país”, afirmou Zema. Questionado sobre seus planos para concorrer à Presidência da República em 2026, o governador deixou em aberto.
“Muita coisa vai acontecer ainda, estamos longe. O cenário mais provável, por hora, é que a direita venha a ter mais de um candidato, talvez dois, três, que estarão cada um por si no primeiro turno. Mas, com toda certeza, estarão unidos no segundo turno. E isso é muito bom. Demonstra que a direita está maior, que a direita tem mais opções e com certeza é o que nós queremos”, disse.
Em entrevista a um podcast na quinta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que se for concorrer à reeleição em 2026 vai ser para ganhar. E citou como potenciais adversários da direita os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Junior (PSD), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e Romeu Zema.
Ainda no Japão, o governador mineiro disse que os investidores dos dois países asiáticos demonstraram grande preocupação com a taxa de juros do Brasil, que dificulta o investimento no país.
“A empresa quando se instala no Brasil passa a contratar crédito numa taxa que faz com que o retorno sobre o investimento seja significativamente menor do que em outros países. Muito em razão do Brasil ter uma das maiores taxas reais de juros do mundo. Fica muito claro, quando você está com empresas que atuam em todo o mundo, o impacto negativo da taxa de juros elevada no país”, afirma o governador.
Nesta sexta-feira (20), em reunião com a Sumitomo Corporation, a companhia anunciou um investimento de R$ 140 milhões, por meio da Agro Amazônia, para construir uma unidade de armazenamento e beneficiamento de sementes de soja em Patos de Minas (MG).
Zema também visitou a sede da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), em Tóquio. O objetivo do encontro foi aprofundar a colaboração em projetos de recuperação de áreas de pastagem degradadas, para impulsionar a agricultura sustentável.
De acordo com o governador, os juros brasileiros são considerados um desafio para os japoneses. Atualmente, a taxa para empréstimos da Jica é de 2% ao ano, com 15 anos de carência. O governo mineiro sugeriu como alternativas linhas de crédito do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e um novo fundo Fiagro.
“O Estado se encontra à disposição para acelerar esse processo. Além disso, vai ser elaborado um memorando de entendimentos entre o governo de Minas e a Jica para efetivar essas tratativas”, afirmou Zema. O objetivo do governo é desenvolver programas de cooperação técnica na área de defesa civil.
Energia, metrô e datacenters
A comitiva do governador também se reuniu com o ministro do Meio Ambiente do Japão, Fumiaki Kobayashi, para discutir oportunidades de cooperação em sustentabilidade, transição energética e inovação. “A reunião foi proveitosa, um dos pontos discutidos foi o interesse do governo japonês na importação de hidrogênio verde como estratégia de descarbonização. Também falamos de parcerias tecnológicas e investimentos em projetos-piloto no Estado”, disse o governador.
Na quarta-feira (18), Zema esteve na fábrica da Changchun Railway Vehicles (CRRC), em Changchun, na China, para conhecer as tecnologias que serão adotadas nos trens encomendados para atender o metrô de Belo Horizonte. A empresa vai entregar para a Metrô BH, concessionária responsável pela operação, 24 composições de trem, sendo que os dez primeiros devem entrar em operação até o fim de 2026. O investimento no maquinário é de R$ 700 milhões. Zema também visitou a fábrica da joint venture da CRRC com a Alstom (Carc), onde são produzidos os painéis elétricos e o console do operador dos novos trens do metrô.
A concessão do Metrô da região metropolitana de Belo Horizonte terá investimento total de R$ 3,7 bilhões. O recurso será usado na modernização e ampliação da linha 1 e a construção da linha 2.
Em Zhongguancun, no Vale do Silício Chinês, a comitiva do governador apresentou o Estado como opção para a construção de datacenters, favorecido pela ampla oferta de energia limpa. O primeiro parque de datacenters de Minas Gerais será inaugurado no ano que vem, com investimento de R$ 300 milhões das empresas Supernova e Mapa Investimentos. O projeto será instalado em Leopoldina (MG), com geração de 1,1 mil empregos diretos.
Antes disso, na segunda-feira, primeiro dia da missão na Ásia, o governo anunciou que atraiu R$ 198 milhões em investimentos do Midea Group, para ampliação da capacidade produtiva do complexo industrial de Pouso Alegre (MG).
A comitiva também se reuniu com o vice-ministro do Comércio Exterior chinês, Li Chenggang, momento em que Zema abordou a possibilidade de suspensão parcial dos embargos à carne de frango brasileira. Houve ainda uma reunião com representantes da Tencent e um encontro com representantes da Sanxing, fabricante de equipamentos para o setor elétrico, e da empresa mineira Nansen, que faz parte do grupo. Na reunião, os executivos abordaram as novas tecnologias na área e possibilidades de investimento no Estado.
“O resultado da viagem à China foi muito positivo. Confirmamos com a Midea o investimento de R$ 198 milhões, que vai proporcionar a geração de 800 empregos diretos. Estivemos também na fábrica da CRRC, responsável pela entrega de 24 composições de trem do metrô de BH. Serão trens mais modernos, confortáveis, seguros, climatizados e econômicos, já que durante a frenagem será gerada energia que vai ser consumida dentro da própria empresa”, afirmou Zema.