O aumento da longevidade em todo o mundo já vem apresentando desafios e abordagens que podem surpreender boa parte da população. Um fato recente que vem ocorrendo no Japão impressiona pela forma como as famílias têm lidado com o envelhecimento. Embora o Japão seja conhecido pelo respeito e consideração à população idosa, as últimas informações são de que as famílias contratam cuidadores de idosos para terminar com suas vidas em condições semelhantes a um “suicídio assistido”.
Um argumento para fundamentar esta nova tendência é a dificuldade financeira, uma vez que, no Japão, não existe um sistema previdenciário que garante o direito à aposentadoria para estas pessoas. Além disso, faltam políticas públicas para atender esta população, o que sobrecarrega os núcleos familiares, cada vez menores e com novas características.
Este mesmo fenômeno vem ocorrendo em países ocidentais. A Suíça, país pioneiro em permitir a eutanásia como suicídio assistido, criou uma lei específica para o tema no ano de 1942, aceitando, inclusive, pessoas de diferentes países, como foi o caso de um escritor brasileiro que usou este recurso para interromper a sua vida, de comum acordo com a família.
Outros países que já têm leis próprias para esse tema são Alemanha, Canadá, Estados Unidos (em alguns estados), Bélgica, Holanda, Itália e, na América Latina, a Colômbia. Entre as razões para este recorrer a este tipo de procedimento podemos mencionar pobreza, solidão, dependência da família, rejeição pelo mercado de trabalho, perda de memória, entre outros tantos.
O mercado tem, gradativamente, oferecido algumas alternativas de acolhimento, como casas de repouso, sejam elas para longa permanência ou diárias. A tecnologia, por sua vez, também tem sido usada entre os idosos para amenizar a solidão, e até robôs são criados para oferecer serviços básicos.
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O aumento dos índices de longevidade – no Japão por exemplo, 30% da população tem mais de 65 anos, com tendência a aumentar ainda neste século – também se estende para vários países, incluindo o Brasil.
No entanto, vale também o registro das profundas transformações que vêm ocorrendo nos modelos de família. Uma pesquisa nos Estados Unidos identificou 46 modelos diferentes. Já na Alemanha, fala-se da família 4-2-1, ou seja, quatro avós, dois pais e um filho-neto. Ou seja, cada vez mais os próprios idosos devem planejar seu envelhecimento. E isto começa, no mínimo, na meia-idade.
Sempre vale ainda alertar para a decadência do sistema previdenciário, na medida em que a relação entre contribuintes e aposentados tende a diminuir. Atualmente, tem crescido a oferta de programas para educar as pessoas no sentido de criar reservas financeiras para encarar o aumento das despesas com saúde.
Ficam aqui alguns alertas para a importância de lidar com este tema de forma preventiva.
Renato Bernhoeft é fundador e presidente do conselho da höft consultoria.