O Reino Unido anunciou um plano para estar pronto para a guerra em até 10 anos. No documento, batizado de “The Strategic Defense Review” (A Revisão Estratégica de Defesa, em uma tradução livre), o Brasil aparece como aliado estratégico na América Latina — um raro destaque em meio ao tom de alerta global contra ameaças como Rússia e China.
“O Reino Unido continua a reconhecer a importância do diálogo estratégico com parceiros na América Latina — primeiramente Brasil e Chile — para promover paz, segurança e prosperidade na região”, afirma o documento, sem detalhar a parceria.
A citação ao Brasil chama atenção num documento voltado principalmente para a Europa, Otan, EUA e outros países da Ásia. A Argentina, rival histórica dos britânicos na disputa pelas Ilhas Malvinas (Falkland Islands) em 1982, não é mencionada.
A afinidade entre Brasil e Reino Unido está no capítulo que trata de alianças e parcerias globais, “uma rede de relações robustas que entregam um alcance global para o Reino Unido como parte de uma ampla política externa e de segurança”.
Mesmo com a menção ao Brasil, o documento deixa claro que o principal parceiro estratégico dos britânicos continua sendo os Estados Unidos. “A força da parceria é forjada por gerações de profissionais de defesa britânicos e americanos, que lidam juntos com desafios globais”, diz o texto.
O plano foi elaborado pelo ex-secretário de Defesa do Reino Unido e ex-chefe da Otan, Lord Robertson, o general aposentado Sir Richard Barrons, do exército britânico, e Fiona Hill, especialista em Rússia e ex-conselheira da Casa Branca.
Apresentado nesta semana, o documento detalha como o Reino Unido pretende se preparar para um eventual conflito militar de grande escala, em especial na Europa ou no Atlântico Norte. Por isso, o texto também dá destaque às relações com França, Alemanha, Polônia, Estônia e outros países europeus.
“A força estratégica do Reino Unido advém dos nossos aliados e, num mundo perigoso, o nosso compromisso inabalável com a OTAN significa que nunca lutaremos sozinhos. Mas ‘OTAN em Primeiro Lugar’ não significa ‘apenas OTAN’ — e continuamos comprometidos com os nossos aliados e parceiros em todo o mundo, uma vez que a nossa segurança está intimamente ligada”, afirma o documento.
O governo do Reino Unido diz estar comprometido em gastar até 2,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa até 2027. Em evento na última segunda-feira (2), o primeiro-ministro Keir Starmer afirmou que o país contribuirá para o fortalecimento da Otan, por meio do avanço da inovação no segmento militar, e que serão construídos 12 novos submarinos de ataque.
Rússia, ameaça imediata e urgente
O documento cita que o Reino Unido está entrando em uma nova era de “ameaças e desafios”. “O mundo está mais volátil e incerto do que em qualquer outro momento dos últimos 30 anos e está mudando em um ritmo impressionante”, afirma.
Segundo o texto, o Reino Unido já está sob ataque diário, com atos agressivos que vão de espionagem a manipulação de informações, causando danos à sociedade e à economia. “O conflito entre Estados retornou à Europa, com a Rússia demonstrando sua disposição de usar força militar, infligir danos a civis e ameaçar usar armas nucleares para atingir seus objetivos”, diz.
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Ainda sobre a Rússia, o documento afirma que o país é “uma ameaça imediata e urgente”. “A invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia deixa inequivocamente clara sua disposição de usar a força para atingir seus objetivos, bem como sua intenção de restabelecer esferas de influência em seu território vizinho e perturbar a ordem internacional em detrimento do Reino Unido e de seus aliados”.
O plano britânico lembra que, embora o conflito na Ucrânia tenha abalado o exército russo, a modernização e expansão geral de suas forças armadas significa que elas representarão uma ameaça duradoura em áreas-chave como espaço, ciberespaço, operações de informação, guerra submarina e armas químicas e biológicas.
“A economia de guerra da Rússia, se sustentada, permitirá que ela reconstrua suas capacidades terrestres mais rapidamente em caso de um cessar-fogo na Ucrânia”, alerta o texto.
China, desafio sofisticado e persistente
O documento pontua que a vantagem militar de longa data do Ocidente está “sendo corroída à medida que outros países modernizam e expandem suas forças armadas rapidamente”, enquanto os EUA mudam de prioridade, à medida que o foco americano se volta para a região Indo-Pacífico.
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Sobre a China, os britânicos veem o país como “um desafio sofisticado e persistente”. “A China está alavancando cada vez mais suas capacidades econômicas, tecnológicas e militares, buscando estabelecer domínio no Indo-Pacífico, minar a influência dos EUA e pressionar a ordem internacional baseada em regras”, descreve.
O documento diz que a China “provavelmente continuará buscando vantagens por meio de espionagem e ataques cibernéticos, e garantindo Propriedade Intelectual de ponta por meios legítimos e ilegítimos”.
O documento também aponta uma modernização militar acelerada da China, com expansão de sistemas avançados e capacidades espaciais. Os chineses, segundo o plano, estão ampliando sem precedentes seu arsenal de mísseis convencionais e nucleares, com projéteis capazes de atingir a Europa e o Reino Unido. A expectativa é que a China dobre seu arsenal nuclear, chegando a mil ogivas até 2030.
O Reino Unido anunciou um plano para estar pronto para a guerra em até 10 anos. No documento, batizado de “The Strategic Defense Review” (A Revisão Estratégica de Defesa, em uma tradução livre), o Brasil aparece como aliado estratégico na América Latina — um raro destaque em meio ao tom de alerta global contra ameaças como Rússia e China.
“O Reino Unido continua a reconhecer a importância do diálogo estratégico com parceiros na América Latina — primeiramente Brasil e Chile — para promover paz, segurança e prosperidade na região”, afirma o documento, sem detalhar a parceria.
A citação ao Brasil chama atenção num documento voltado principalmente para a Europa, Otan, EUA e outros países da Ásia. A Argentina, rival histórica dos britânicos na disputa pelas Ilhas Malvinas (Falkland Islands) em 1982, não é mencionada.
A afinidade entre Brasil e Reino Unido está no capítulo que trata de alianças e parcerias globais, “uma rede de relações robustas que entregam um alcance global para o Reino Unido como parte de uma ampla política externa e de segurança”.
Mesmo com a menção ao Brasil, o documento deixa claro que o principal parceiro estratégico dos britânicos continua sendo os Estados Unidos. “A força da parceria é forjada por gerações de profissionais de defesa britânicos e americanos, que lidam juntos com desafios globais”, diz o texto.
O plano foi elaborado pelo ex-secretário de Defesa do Reino Unido e ex-chefe da Otan, Lord Robertson, o general aposentado Sir Richard Barrons, do exército britânico, e Fiona Hill, especialista em Rússia e ex-conselheira da Casa Branca.
Apresentado nesta semana, o documento detalha como o Reino Unido pretende se preparar para um eventual conflito militar de grande escala, em especial na Europa ou no Atlântico Norte. Por isso, o texto também dá destaque às relações com França, Alemanha, Polônia, Estônia e outros países europeus.
“A força estratégica do Reino Unido advém dos nossos aliados e, num mundo perigoso, o nosso compromisso inabalável com a OTAN significa que nunca lutaremos sozinhos. Mas ‘OTAN em Primeiro Lugar’ não significa ‘apenas OTAN’ — e continuamos comprometidos com os nossos aliados e parceiros em todo o mundo, uma vez que a nossa segurança está intimamente ligada”, afirma o documento.
O governo do Reino Unido diz estar comprometido em gastar até 2,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa até 2027. Em evento na última segunda-feira (2), o primeiro-ministro Keir Starmer afirmou que o país contribuirá para o fortalecimento da Otan, por meio do avanço da inovação no segmento militar, e que serão construídos 12 novos submarinos de ataque.
Rússia, ameaça imediata e urgente
O documento cita que o Reino Unido está entrando em uma nova era de “ameaças e desafios”. “O mundo está mais volátil e incerto do que em qualquer outro momento dos últimos 30 anos e está mudando em um ritmo impressionante”, afirma.
Segundo o texto, o Reino Unido já está sob ataque diário, com atos agressivos que vão de espionagem a manipulação de informações, causando danos à sociedade e à economia. “O conflito entre Estados retornou à Europa, com a Rússia demonstrando sua disposição de usar força militar, infligir danos a civis e ameaçar usar armas nucleares para atingir seus objetivos”, diz.
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Ainda sobre a Rússia, o documento afirma que o país é “uma ameaça imediata e urgente”. “A invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia deixa inequivocamente clara sua disposição de usar a força para atingir seus objetivos, bem como sua intenção de restabelecer esferas de influência em seu território vizinho e perturbar a ordem internacional em detrimento do Reino Unido e de seus aliados”.
O plano britânico lembra que, embora o conflito na Ucrânia tenha abalado o exército russo, a modernização e expansão geral de suas forças armadas significa que elas representarão uma ameaça duradoura em áreas-chave como espaço, ciberespaço, operações de informação, guerra submarina e armas químicas e biológicas.
“A economia de guerra da Rússia, se sustentada, permitirá que ela reconstrua suas capacidades terrestres mais rapidamente em caso de um cessar-fogo na Ucrânia”, alerta o texto.
China, desafio sofisticado e persistente
O documento pontua que a vantagem militar de longa data do Ocidente está “sendo corroída à medida que outros países modernizam e expandem suas forças armadas rapidamente”, enquanto os EUA mudam de prioridade, à medida que o foco americano se volta para a região Indo-Pacífico.
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Sobre a China, os britânicos veem o país como “um desafio sofisticado e persistente”. “A China está alavancando cada vez mais suas capacidades econômicas, tecnológicas e militares, buscando estabelecer domínio no Indo-Pacífico, minar a influência dos EUA e pressionar a ordem internacional baseada em regras”, descreve.
O documento diz que a China “provavelmente continuará buscando vantagens por meio de espionagem e ataques cibernéticos, e garantindo Propriedade Intelectual de ponta por meios legítimos e ilegítimos”.
O documento também aponta uma modernização militar acelerada da China, com expansão de sistemas avançados e capacidades espaciais. Os chineses, segundo o plano, estão ampliando sem precedentes seu arsenal de mísseis convencionais e nucleares, com projéteis capazes de atingir a Europa e o Reino Unido. A expectativa é que a China dobre seu arsenal nuclear, chegando a mil ogivas até 2030.