Ainda não estamos perto de enxergar o impacto da inteligência artificial (IA). É o que entende Eric Schmidt, ex-CEO do Google, em entrevista recente ao TED Talks. Para ele, a tecnologia não é superestimada, mas sim subestimada, e que muitos ainda não têm dimensão da transformação que ela pode causar na sociedade — inclusive a possibilidade de escalada para um conflito militar.
Schmidt entende que a rivalidade na corrida pelo avanço da inteligência artificial pode exacerbar tensões já existentes entre países como Estados Unidos e China. Em um exemplo extremo, um governo pode recorrer a ataques a data centers como forma de sabotar o avanço das pesquisas do adversário.
Apesar dos temores, ele ainda mantém uma visão positiva da IA como uma ferramenta para alavancar o potencial humano para melhorias na saúde e na educação.
Apesar das preocupações com maus usos da tecnologia, Eric Schmidt acredita em um cenário mais positivo para o mundo real. Na sua visão, o avanço da IA pode ajudar a solucionar problemas coletivos na área da saúde, por exemplo.
O executivo vê um prazo de seis anos para alcançar o que chama de ASI (superinteligência artificial), um passo além da AGI (inteligência artificial geral), atualmente uma meta mais próxima da indústria, que já teria capacidade comparável aos seres humanos mais inteligentes.
Com o uso do que chama de “autoaperfeiçoamento recursivo”, a própria IA seria capaz de usar seus conhecimentos lógicos de programação e matemáticos para programar melhorias no seu código, criando uma evolução de ritmo exponencial, sem precisar de humanos para continuar evoluindo. Esse salto seria viabilizado pelos avanços em direção à AGI.
O ex-CEO do Google cita como exemplos de uso dessa nova IA superinteligente a possibilidade de que médicos possam utilizá-la para melhorar tratamentos e diagnósticos. Estudantes também poderiam ter um guia personalizado para aprender melhor.
Inteligência artificial pode causar guerras?
Eric Schmidt aponta que a rápida evolução tecnológica pode escalar tensões que já se manifestam na geopolítica, em especial entre China e Estados Unidos, e poderiam, em um caso mais extremo, levar a uma guerra de grandes proporções.
O ex-CEO do Google cita um cenário hipotético em que um país “bom” e um “mau” estão em uma corrida pela superinteligência artificial, mas no qual o primeiro está seis meses à frente do segundo.
Ele aponta que, como a IA poderia ganhar capacidade de se autoaperfeiçoar, essa evolução aconteceria em ritmo exponencial, de forma que não seria tecnicamente possível para o país “mau” alcançar o seu rival. E, por isso, seria necessário sabotar seu adversário.
Inicialmente, a primeira tentativa seria tentar hackear os sistemas do país “bom” para tentar roubar o código da IA. Se a missão falhar, o passo seguinte seria recorrer à espionagem para conseguir informações sigilosas. Em um último caso, a última e mais drástica tentativa seria bombardear datacenters para atrasar o adversário, o que poderia escalar a corrida digital a um conflito militar.
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Schmidt também enxerga riscos da tecnologia de código aberto, como a China tem feito. Como essa tecnologia é amplamente acessível, sem custos, a qualquer interessado, não há como evitar que ela caia na mão de pessoas que possam usar a IA para praticar crimes e atentados. Atualmente, ele faz a ressalva de que as tecnologias abertas ainda não estão neste patamar, mas podem chegar no futuro próximo.
“A competição entre os Estados Unidos e a China, que têm abordagens muito diferentes para modelos de código aberto versus fechados, pode levar a erros de cálculo ou, pior, a um conflito”, afirmou.
O novo papel da humanidade
Na visão de Eric Schmidt, a IA representa uma das maiores transformações da história, o que naturalmente levanta o questionamento sobre o papel da humanidade diante de uma tecnologia que supera suas capacidades intelectuais.
“A chegada desta inteligência, tanto no nível da IA quanto na AGI, que é a inteligência geral, e depois na superinteligência, é a coisa mais importante que vai acontecer em cerca de 500 anos, talvez mil anos na sociedade humana e está acontecendo na nossa vida”, afirmou.
No entanto, o executivo acredita que o avanço não vai eliminar o trabalho humano, mas deve mudá-lo para sempre.
“Você acha realmente que todos os advogados vão desaparecer? Não, eles apenas terão processos mais sofisticados. Você acha que os políticos vão desaparecer? Não, eles apenas terão mais plataformas para mentir”, falou em tom de brincadeira.
A ideia é que o trabalho essencialmente humano pode ser refinado e se tornar mais produtivo com IAs mais poderosas.
O que ele recomenda é que as pessoas “surfem na onda” da IA, que não deve ser passageira, e entendam como podem usar a tecnologia como ferramenta para se aperfeiçoar em qualquer profissão e permanecer relevantes.
Schmidt ainda argumenta que pessoas também serão necessárias para supervisionar a inteligência artificial e guiar a tecnologia. Especialmente em um contexto em que ela é capaz de se desenvolver sozinha, será importante ter supervisão humana para garantir que ela siga os rumos esperados. Schmidt menciona que o exército dos Estados Unidos, por exemplo, tem uma doutrina que requer o envolvimento de um ser humano em qualquer decisão orientada pela IA.
Ainda não estamos perto de enxergar o impacto da inteligência artificial (IA). É o que entende Eric Schmidt, ex-CEO do Google, em entrevista recente ao TED Talks. Para ele, a tecnologia não é superestimada, mas sim subestimada, e que muitos ainda não têm dimensão da transformação que ela pode causar na sociedade — inclusive a possibilidade de escalada para um conflito militar.
Schmidt entende que a rivalidade na corrida pelo avanço da inteligência artificial pode exacerbar tensões já existentes entre países como Estados Unidos e China. Em um exemplo extremo, um governo pode recorrer a ataques a data centers como forma de sabotar o avanço das pesquisas do adversário.
Apesar dos temores, ele ainda mantém uma visão positiva da IA como uma ferramenta para alavancar o potencial humano para melhorias na saúde e na educação.
Apesar das preocupações com maus usos da tecnologia, Eric Schmidt acredita em um cenário mais positivo para o mundo real. Na sua visão, o avanço da IA pode ajudar a solucionar problemas coletivos na área da saúde, por exemplo.
O executivo vê um prazo de seis anos para alcançar o que chama de ASI (superinteligência artificial), um passo além da AGI (inteligência artificial geral), atualmente uma meta mais próxima da indústria, que já teria capacidade comparável aos seres humanos mais inteligentes.
Com o uso do que chama de “autoaperfeiçoamento recursivo”, a própria IA seria capaz de usar seus conhecimentos lógicos de programação e matemáticos para programar melhorias no seu código, criando uma evolução de ritmo exponencial, sem precisar de humanos para continuar evoluindo. Esse salto seria viabilizado pelos avanços em direção à AGI.
O ex-CEO do Google cita como exemplos de uso dessa nova IA superinteligente a possibilidade de que médicos possam utilizá-la para melhorar tratamentos e diagnósticos. Estudantes também poderiam ter um guia personalizado para aprender melhor.
Inteligência artificial pode causar guerras?
Eric Schmidt aponta que a rápida evolução tecnológica pode escalar tensões que já se manifestam na geopolítica, em especial entre China e Estados Unidos, e poderiam, em um caso mais extremo, levar a uma guerra de grandes proporções.
O ex-CEO do Google cita um cenário hipotético em que um país “bom” e um “mau” estão em uma corrida pela superinteligência artificial, mas no qual o primeiro está seis meses à frente do segundo.
Ele aponta que, como a IA poderia ganhar capacidade de se autoaperfeiçoar, essa evolução aconteceria em ritmo exponencial, de forma que não seria tecnicamente possível para o país “mau” alcançar o seu rival. E, por isso, seria necessário sabotar seu adversário.
Inicialmente, a primeira tentativa seria tentar hackear os sistemas do país “bom” para tentar roubar o código da IA. Se a missão falhar, o passo seguinte seria recorrer à espionagem para conseguir informações sigilosas. Em um último caso, a última e mais drástica tentativa seria bombardear datacenters para atrasar o adversário, o que poderia escalar a corrida digital a um conflito militar.
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Schmidt também enxerga riscos da tecnologia de código aberto, como a China tem feito. Como essa tecnologia é amplamente acessível, sem custos, a qualquer interessado, não há como evitar que ela caia na mão de pessoas que possam usar a IA para praticar crimes e atentados. Atualmente, ele faz a ressalva de que as tecnologias abertas ainda não estão neste patamar, mas podem chegar no futuro próximo.
“A competição entre os Estados Unidos e a China, que têm abordagens muito diferentes para modelos de código aberto versus fechados, pode levar a erros de cálculo ou, pior, a um conflito”, afirmou.
O novo papel da humanidade
Na visão de Eric Schmidt, a IA representa uma das maiores transformações da história, o que naturalmente levanta o questionamento sobre o papel da humanidade diante de uma tecnologia que supera suas capacidades intelectuais.
“A chegada desta inteligência, tanto no nível da IA quanto na AGI, que é a inteligência geral, e depois na superinteligência, é a coisa mais importante que vai acontecer em cerca de 500 anos, talvez mil anos na sociedade humana e está acontecendo na nossa vida”, afirmou.
No entanto, o executivo acredita que o avanço não vai eliminar o trabalho humano, mas deve mudá-lo para sempre.
“Você acha realmente que todos os advogados vão desaparecer? Não, eles apenas terão processos mais sofisticados. Você acha que os políticos vão desaparecer? Não, eles apenas terão mais plataformas para mentir”, falou em tom de brincadeira.
A ideia é que o trabalho essencialmente humano pode ser refinado e se tornar mais produtivo com IAs mais poderosas.
O que ele recomenda é que as pessoas “surfem na onda” da IA, que não deve ser passageira, e entendam como podem usar a tecnologia como ferramenta para se aperfeiçoar em qualquer profissão e permanecer relevantes.
Schmidt ainda argumenta que pessoas também serão necessárias para supervisionar a inteligência artificial e guiar a tecnologia. Especialmente em um contexto em que ela é capaz de se desenvolver sozinha, será importante ter supervisão humana para garantir que ela siga os rumos esperados. Schmidt menciona que o exército dos Estados Unidos, por exemplo, tem uma doutrina que requer o envolvimento de um ser humano em qualquer decisão orientada pela IA.