A criação de uma vacina brasileira contra a mpox é atualmente a prioridade da Rede Vírus, comitê de especialistas em virologia criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos, vacinas e produção de conteúdo sobre vírus emergentes no Brasil.
O imunizante está sendo desenvolvido no Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais há cerca de dois anos. Em 2022, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos doou para a UFMG o material conhecido como “semente do vírus”, que é o ponto de partida para o desenvolvimento do IFA, Insumo Farmacêutico Ativo, a matéria-prima para a produção do imunizante.
A vacina nacional será produzida com o vírus do mpox atenuado, mesma tecnologia do imunizante comprado pelo Ministério da Saúde, produzido por uma farmacêutica dinarmarquesa, e que tem efeitos colaterais considerados leves.
O professor e pesquisador da UFMG, membro da Rede Vírus e coordenador da CâmaraPox, Flávio Fonseca, explica que no momento estão sendo feitos estudos de escalonamento.
Ainda segundo Flávio Fonseca, a tecnologia já está em condições de ser transferida para o setor produtivo, como os laboratórios públicos de Biomanguinhos /Fiocruz ou Butantan, de São Paulo, o que só dependem de negociações.
O pesquisador explica também que as vacinas deverão ser usadas na prevenção, ou seja: na pré-exposição ao vírus.
A OMS declarou emergência em saúde pública de importância internacional para a mpox no último dia 14 devido ao aumento do número de casos. Diante de boatos que circularam nas redes sociais sobre possíveis novos lockdowns, como ocorreu durante a pandemia de covid-19, a OMS desaconselhou a adoção de qualquer tipo de isolamento social para interromper a transmissão da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2024, foram registrados 709 casos da mpox no Brasil. Com a declaração de emergência, o Ministério da Saúde anunciou que negocia a compra de 25 mil doses da vacina dinamarquesa com a OPAS, Organização Pan-Americana da Saúde.
Segundo o governo, desde 2023, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o uso provisório do imunizante, o Brasil já recebeu cerca de 47 mil doses e aplicou 29 mil.