Lula convidou governadores para reunião no Palácio do Planalto. Texto a ser enviado ao Congresso Nacional foi elaborado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Lula reúne governadores para discutir PEC da Segurança Pública
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comandou nesta quinta-feira (31), no Palácio do Planalto, uma reunião para apresentar a governadores a proposta que amplia a atuação da União nas ações de segurança pública.
O governo planeja realizar mudanças por meio de uma proposta da emenda à Constituição (PEC), que será enviada para análise do Congresso Nacional.
O texto foi elaborado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que explicou aos governadores os detalhes da PEC.
Lula convidou governadores, secretários de segurança e autoridades do Congresso e do Judiciário para ouvir opiniões a respeito da proposta, a fim de fechar um texto com o maior apoio possível dos estados.
🔎Atualmente, o governo federal é responsável por ações de defesa, enquanto a maior parte das atribuições de segurança cabe aos governos estaduais com suas polícias civis e militares.
O presidente da República deseja ampliar a participação da União. A intenção do governo é integrar as polícias, reforçar o Sistema Público de Segurança Pública (SUSP) e aumentar as responsabilidades da União.
🚓Além disso, o governo propõe criar uma nova polícia comandada pelo governo federal com mais poderes de policiamento ostensivo a partir da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Lula entende que é preciso fazer as mudanças para melhorar o trabalho conjunto de União, estados e municípios no combate, em especial, ao crime organizado.
Retirar prerrogativas é ‘inadmissível’, diz governador
Lula e governadores em imagem de janeiro de 2023
REUTERS/Ueslei Marcelino
Governadores de partidos que fazem oposição a Lula resistem à ideia apresenta pelo governo federal e dizem que é “inadmissível” qualquer medida que retire poder dos estados sobre suas polícias.
“Inadmissível qualquer invasão nas posições que os estados têm em termos de poder da sua polícia civil, militar e penal, que realmente são as estruturas que sustentam a segurança nesse país, com total parceria com a PF e a PRF”, afirmou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), antes da reunião.
“Agora, retirar prerrogativas dos estados e concentrar prerrogativas da União isso é inaceitável”, completou ele.
O governo federal nega que a proposta, se aprovada pelo Congresso, representará uma interferência da União nas competências dos estados.
De acordo com o ministro Ricardo Lewandowski, a intenção do governo é criar mecanismos para tornar mais efetivo o combate ao crime, especialmente às quadrilhas e facções criminosas que atuam hoje no país e que vêm ganhando força nos últimos anos.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), criticou o fato de os governadores chegarem à reunião sem terem recebido a proposta antecipadamente.
“A gente entra na reunião cego, sem saber o que vai vir de texto. Tem que entender na prática o que vai mudar na nossa vida”, declarou.
Em entrevista antes da audiência, Castro defendeu a retirada das despesas com segurança pública das regras que limitam gastos da União.
“Tem a questão de tirar o gasto de segurança pública da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e do teto, já que essa é a principal pauta do Brasil hoje. Não tem porque a gente ter limite de gastos na LRF e no teto e, no nosso caso, temos o regime de recuperação fiscal”, declarou.
Importante a União ser mais ‘atuante’, diz aliado
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), afirmou que é favorável aos conceitos gerais da proposta, mas aguarda detalhes o texto.
Casagrande, que é um aliado de Lula, avalia que é importante o governo federal ser mais “atuante” na área.
“Constitucionalizar o sistema único de segurança pública, integras ações, a gente fortalecer o trabalho de inteligência, padronizar procedimentos, documentos, softwares, isso tudo pode e vai ajudar com certeza a enfrentar os criminosos”, afirmou.