No dia anterior, a bolsa brasileira fechou em queda de 0,95%, aos 135.173 pontos. O dólar fechou em alta de 1,98%, cotado a R$ 5,5894. Vista do prédio da B3, Bolsa de valores de São Paulo, localizada na região central da capital paulista, nesta sexta-feira (12). O Ibovespa flertou com os 129 mil pontos na máxima do dia, encerrando aos 128.896,98 pontos, em alta de 0,47% na sessão. Foi o quarto avanço semanal consecutivo para o índice da B3, que sobe agora 4,03% no mês, cedendo ainda 3,94% no ano.
GABRIEL SILVA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O dólar abriu em baixa nesta sexta-feira (23), enquanto investidores aguardam o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no Simpósio de Jackson Hole.
Saiba o que é o Jackson Hole, considerado o maior evento do mundo pelos ‘faria limers’
Em geral, o tema dos juros nos Estados Unidos segue dominando as atenções dos investidores em todo o mundo e há expectativa pelo que Powell vai falar. O mercado espera ver mais informações sobre quando vai acontecer e qual será a magnitude do primeiro corte de juros do Fed em mais de quatro anos.
Investidores repercutem, ainda, a ata da última reunião do Fed, que mostrou que as autoridades da autarquia devem iniciar o ciclo de corte nas taxas de juros do país já em setembro. Hoje, os juros estão entre 5,25% e 5,50% ao ano e a dúvida do mercado agora é qual será a magnitude dos cortes.
Isso porque alguns dos dirigentes do Fed já queriam promover uma baixa nas taxas na última reunião, no fim de julho, mas a maioria votou por mantê-los no atual patamar. Assim, investidores acreditam que os cortes podem ser maiores do que o esperado anteriormente.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
ENTENDA: Copom endurece discurso, e deixa a dúvida: a Selic pode subir?
ENTENDA: A cronologia da disparada do dólar motivada pelos juros nos EUA, o cenário fiscal brasileiro e as declarações de Lula
CONSEQUÊNCIAS: Alta do dólar deve pressionar inflação e impactar consumo das famílias no 2º semestre, dizem especialistas
Dólar
Às 10h40, o dólar caía 0,66%, cotado a R$ 5,5525. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 1,98%, cotada em R$ 5,5894.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,22% na semana;
recuo de 1,14% no mês;
alta de 15,19% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,48%, aos 135.828 pontos.
Na véspera, o índice fechou em queda de 0,95%, aos 135.173 pontos.
Com o resultado, o índice acumulou:
alta de 0,91% na semana;
avanço de 5,89% no mês;
ganhos de 0,74% no ano.
30 anos do Real: como era a vida antes do plano econômico que deu origem à moeda brasileira
DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O mercado aguarda o discurso de Powell com atenção, para ter novas pistas sobre as taxas de juros nos Estados Unidos nos próximos meses. A expectativa é de queda já na reunião de setembro do Fed, mas há dúvidas sobre qual será a magnitude do corte.
O Simpósio de Jackson Hole, onde Powell vai discursar, é uma conferência promovido pela unidade de Kansas City do Fed e se tonou o evento de economia mais importante do mundo para os participantes do mercado financeiro.
Participam, sempre, os dirigentes do Fed e os banqueiros centrais dos maiores países do mundo. Dirigentes do Japão e do Banco Central Europeu, além de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil (BC), estão lá nesta edição.
A fama e tradição do Simpósio de Jackson Hole veio porque o evento se tornou o palco de antecipações de novidades ou tendências pelos banqueiros centrais do mundo.
Em algumas edições, presidentes de BCs esperaram pela conferência para anunciar novas medidas para a economia de seus países, ou ao menos sinalizar quais serão seus próximos passos na condução da política monetária (que determina a taxa de juros).
E enquanto Powell não fala, o mercado repercute uma entrevista de outro dirigente, o Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta. À CNBC, ele disse que o Fed não pode esperar que a inflação chegue a 2% para começar a se mover e destacou que a instituição está perto de cortar os juros.
“Estamos próximos… os números estão começando a se mover em uma direção que sugere que nossa política teve seu efeito e podemos iniciar o caminho de volta a uma postura normal”, afirmou Bostic.
“Os dados chegaram de uma forma que sugere que será apropriado estar mais perto de mudar (os juros) do que mais longe e, para mim, só quero ter certeza de que os próximos dados sejam consistentes com isso.”
No fim de julho, o Fed decidiu manter as taxas entre 5,25% e 5,50% ao ano. Mas a ata, divulgada nesta quarta-feira, mostra que “a grande maioria” dos agentes “destacou que, se os dados continuassem a vir de acordo com o esperado, provavelmente seria apropriado flexibilizar a política monetária na próxima reunião”.
E isso aumentou ainda mais o otimismo do mercado com os ativos de risco, como o mercado de ações e mercados de países emergentes, que tendem a se beneficiar de momentos de juros baixos nos Estados Unidos.
A ata do Fed mostra que as autoridades estavam bastante inclinadas a um corte na taxa de juros em setembro, mas “várias delas” estariam até mesmo dispostas a reduzir os custos de empréstimos imediatamente, em julho.
Essa é a linguagem das atas do Fed, em que o grupo de tomadores de decisão são descritos entre “todos”, “a grande maioria”, “vários” etc. Veja abaixo alguns destaques da ata da reunião do Fed de julho:
“a grande maioria” dos agentes “destacou que, se os dados continuassem a vir de acordo com o esperado, provavelmente seria apropriado flexibilizar a política monetária na próxima reunião”;
“muitas” das autoridades consideram a postura dos juros restritiva e “alguns participantes” argumentaram que, em meio a um arrefecimento das pressões inflacionárias, não mudar a taxa básica poderia pesar sobre a atividade econômica;
embora todas as autoridades estivessem de acordo com a manutenção dos juros, “vários” disseram que a redução da inflação em meio a um aumento no desemprego “forneceu um argumento plausível para a redução da meta de 25 pontos-base nesta reunião”;
as autoridades veem o mercado de trabalho como tendo retornado (em grande parte) ao ponto em que estava antes do início da pandemia de Covid-19: “forte, mas não superaquecido”;
um grupo cada vez menor de agentes teme que um afrouxamento prematuro da política monetária possa provocar a retomada da inflação.
Uma queda nos juros dos EUA reduz os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (as Treasuries) e força os investidores a tomarem mais risco para terem rentabilidades melhores. Isso beneficia o mercado de ações como um todo e pode desvalorizar o dólar perante outras moedas, já que, neste movimento, dinheiro é retirado do mercado de títulos públicos americano e pode migrar para outros países.
O Fed se esforça para manter a inflação comportada (até julho, a inflação acumulou alta de 3,2%, e a meta do Fed é de 2%), mas também quer evitar que a economia sofra uma paralisação brusca, principalmente depois de dados do mercado de trabalho do país terem vindo mais fracos que o esperado no último mês.
Os juros no Brasil também ficam no radar dos investidores, em meio às dúvidas sobre a possibilidade de novos aumentos da taxa Selic pelo BC para controlar a inflação que voltou a acelerar. O diretor de política monetária e principal cotado para a presidência do BC, Gabriel Galípolo, falou nesta quinta-feira em evento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em São Paulo.
Em um discurso duro, Galípolo afirmou que suas falas recentes não colocaram o BC em um “corner” em relação ao que será feito com a Selic em setembro, mas repetiu que a autarquia subirá a taxa básica se necessário.
Nos últimos dias têm ganhado força entre instituições financeiras a avaliação de que, em função de falas recentes de Galípolo, consideradas “hawkish” (duras com a inflação), o BC terá que subir a Selic em pelo menos 25 pontos-base em setembro mesmo em meio à relativa melhora do cenário externo.
“Inflação fora da meta é situação desconfortável, e ter que subir juros é situação cotidiana para quem está no BC”, afirmou. Os comentários de Galípolo reforçaram a percepção de que uma alta da Selic está de fato a caminho.