Democrata aceitou formalmente a indicação para concorrer na eleição presidencial, nesta quinta-feira (23). Kamala defendeu direito de defesa de Israel e foi aplaudida ao fazer aceno aos palestinos. Kamala Harris em discurso oficial na Convenção do Partido Democrata, em 22 de agosto de 2024
REUTERS/Brendan Mcdermid
Kamala Harris, candidata à Presidência dos Estados Unidos, discursou na Convenção do Partido Democrata nesta quinta-feira (22) e aceitou formalmente a indicação para concorrer nas eleições de novembro. A democrata falou muito sobre mulheres, alertou eleitores sobre um possível risco à democracia caso Donald Trump seja eleito e pregou união entre o povo americano.
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Um dos momentos mais importantes do discurso foi quando Kamala tentou se equilibrar entre dois grupos de eleitores importantes para os democratas – os judeus e os árabes-americanos.
A candidata foi mais aplaudida ao defender o direito de liberdade e segurança dos palestinos. Apesar disso, ela afirmou que apoia o direito de defesa de Israel contra o grupo terrorista Hamas. Do lado de fora da convenção, houve protestos contra o apoio americano a Israel.
Kamala Harris começou o discurso falando sobre o caminho até a candidatura. Ela também agradeceu ao presidente Joe Biden, que desistiu de concorrer à reeleição em julho.
“O caminho que me trouxe até aqui nas últimas semanas foi inesperado. Mas conheço bem jornadas improváveis”, disse.
Ao falar sobre a carreira como procuradora-geral da Califórnia, Kamala disse que nunca trabalhou em nome da vítima, mas sempre para o povo. Ela afirmou que entendia que uma agressão a alguém era um golpe contra toda a sociedade.
“Então, em nome do povo, independentemente de partido, raça, gênero ou da língua que sua avó fala, em nome da minha mãe […] Em nome de todos cuja história só poderia ser escrita na maior nação do mundo, aceito a nomeação.”
Ainda durante o discurso Kamala:
Pregou união entre os norte-americanos.
Criticou Donald Trump, dizendo que o republicano defende os próprios interesses e tem problemas na Justiça.
Fez uma homenagem para a mãe dela e defendeu direitos reprodutivos das mulheres.
Defendeu o direito de Israel de se defender do Hamas, mas criticou as ações na Faixa de Gaza que vitimaram civis palestinos.
Prometeu cortes de impostos para a classe média e imóveis mais acessíveis.
União
Kamala fez um apelo pela união do país, afirmando que governará para todos os norte-americanos. A democrata enviou uma mensagem para eleitores indecisos e opositores.
“Prometo ser uma presidente para todos os americanos, para manter os princípios constitucionais sagrados da América, os princípios fundamentais, desde o Estado de Direito e eleições justas até a transferência pacífica do poder.”
A candidata disse que fará um governo acima de qualquer partido. Ela também defendeu imigrantes que vivem no país legalmente.
“Nossa nação tem uma oportunidade preciosa e fugaz de superar a amargura, o cinismo e as batalhas divisivas do passado. Uma chance de traçar um novo caminho a seguir. Não como membros de nenhum partido ou facção. Mas como americanos”, disse.
Críticas a Trump
Kamala discursa como candidata à presidência dos EUA
Elizabeth Frantz/Reuters
Logo em seguida, Kamala criticou Donald Trump. Ela disse que essa é uma das eleições mais importantes da história dos Estados Unidos e relembrou o 6 de janeiro de 2021, quando houve o ataque ao Capitólio.
Kamala também citou as condenações de Trump na Justiça e disse que o ex-presidente tem a intenção de libertar extremistas que participaram do ataque ao Capitólio e prender opositores.
“De muitas maneiras, Donald Trump é um homem sem seriedade. Mas as consequências de colocar Donald Trump de volta na Casa Branca são extremamente sérias”, disse.
“Donald Trump tentou jogar fora os votos que recebeu quando falhou”, continuou. Ele foi considerado culpado de fraude por um júri de americanos comuns. E separadamente considerado responsável por cometer abuso sexual.”
Assim como o candidato a vice, Tim Walz, a democrata citou o “Projeto 2025”. O plano foi elaborado por apoiadores do ex-presidente republicano e propõe pautas mais conservadoras.
O Projeto 2025 é visto pelos democratas como um manual de instruções para Trump, caso ele seja eleito.
Kamala afirmou que Trump vai usar o poder de presidente, se for eleito, para servir aos próprios interesses e de amigos bilionários. Também disse que o republicano representa o passado, que cortaria benefícios sociais.
Mãe e mulheres
Kamala contou um pouco da própria história e fez uma homenagem a Shyamala Harris, mãe dela.
Shyamala nasceu na Índia e mudou-se para os Estados Unidos aos 19 anos, com o sonho de ser a cientista que descobriria a cura para o câncer de mama. Ela morreu em 2009.
Ainda falando sobre mulheres, a candidata se recordou de uma amiga do ensino médio, chamada Wanda, que era vítima de abuso sexual. Kamala contou que convidou a amiga para morar com ela.
“Essa é uma das razões pelas quais me tornei promotora. Para proteger pessoas como Wanda. Acho que todos têm o direito à segurança, dignidade e justiça.”
A proteção das mulheres, principalmente dos direitos reprodutivos, é um dos principais pilares da campanha de Kamala.
A democrata afirmou que Trump e aliados se gabam de ter acabado com liberdades e direitos de mulheres, como o aborto e o uso de contraceptivos.
“Donald Trump escolheu pessoalmente membros da Suprema Corte dos Estados Unidos para tirar os direitos reprodutivos”, disse “É preciso perguntar por que exatamente eles não confiam nas mulheres? Bem, nós confiamos nas mulheres.”
Kamala garantiu que sancionará uma lei para restaurar os direitos reprodutivos das mulheres, caso o texto seja aprovado no Congresso.
“Acredito que a América não poderá ser próspera a menos que os americanos sejam totalmente capazes de tomar decisões sobre suas próprias vidas, especialmente em questões do coração e do lar”, afirmou.
Faixa de Gaza
Manifestantes pró-Palestina protestam em frente à Convenção Democrata, em Chicago, em 19 de agosto de 2024
REUTERS/Eduardo Munoz
Kamala Harris defendeu o direito de Israel de se defender, mas afirmou que o que aconteceu na Faixa de Gaza nos últimos 10 meses é “devastador”. Neste momento, a democrata tentou se equilibrar entre dois grupos de eleitores importantes para os democratas – os judeus e os árabes-americanos.
A guerra na Faixa de Gaza entre Israel e Hamas começou no 7 de outubro de 2023, quando o grupo terrorista atacou o sul de Israel, matando 1.200 pessoas e sequestrando cerca de 250 reféns, segundo autoridades israelenses.
Desde então, ao menos 40 mil palestinos foram mortos em Gaza na ofensiva militar israelense, entre eles mulheres e crianças.
“O presidente Biden e eu estamos trabalhando para acabar com esta guerra de modo que Israel esteja seguro, os reféns sejam libertados, o sofrimento em Gaza acabe e o povo palestino possa realizar seu direito à dignidade. Segurança. Liberdade. E autodeterminação.”, disse.
A convenção democrata foi marcada por uma série de protestos pró-Palestina. Centenas de manifestantes se posicionaram em frente ao ginásio onde o evento foi feito, pedindo pelo cessar-fogo.
Kamala e Joe Biden foram criticados nos protestos. Alguns cartazes, por exemplo, chamavam Biden de genocida devido ao apoio a Israel.
Ao citar o direito de autodeterminação para palestinos, Kamala foi fortemente aplaudida pelo público que acompanhava a convenção em Chicago.
Ainda falando sobre política internacional, Kamala falou que ditadores e terroristas estão torcendo pela eleição de Donald Trump. A democrata falou que jamais vai se submeter aos interesses de países como o Irã.
Economia
Kamala Harris retomou promessas de campanha durante o discurso. Recentemente, ela divulgou um plano econômico para reduzir o custo de vida dos norte-americanos. A proposta, no entanto, foi criticada por economistas, incluindo um editorial da revista “The Economist”.
A democrata defendeu cortes nos impostos para a classe média e um aumento nas taxas para grandes corporações e bilionários.
Kamala também prometeu tornar a compra de imóveis mais acessível e reduzir o preço de alimentos e medicamentos.
Discurso do vice
Tim Walz na convenção democrata
Mandel NGAN / AFP Photo
O candidato à vice-presidência dos Estados Unidos, Tim Walz, discursou na Convenção do Partido Democrata na noite desta quarta-feira (21).
Ainda pouco conhecido em parte do eleitorado, Walz preferiu usar grande parte do tempo para contar um pouco da história de vida dele. Ele lembrou que veio de uma cidade pequena, serviu à Guarda Nacional do Exército dos Estados Unidos e foi professor.
O democrata também aproveitou para atacar o chamado “Projeto 2025”, ligado a Donald Trump.
“É uma agenda que não serve a ninguém, exceto aos mais ricos e radicais entre nós”, disse. “É estranho? Absolutamente, absolutamente, mas também é errado e perigoso”, continuou.
O democrata afirmou que, se os opositores forem eleitos, benefícios serão cortados e o aborto será proibido em todo o país. Os direitos reprodutivos das mulheres são uma das principais pautas de Kamala Harris.
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