A moeda norte-americana caiu 0,59%, cotada a R$ 5,4432. Já o principal índice de ações da bolsa encerrou em alta de 1,08%, aos 133.010 pontos. Cédulas de dólar
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O dólar fechou em queda nesta quinta-feira (26), conforme investidores repercutiam a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, referente ao segundo trimestre deste ano, pelo Banco Central do Brasil (BC).
No documento, a instituição elevou sua estimativa para a inflação oficial no ano. As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltaram de 4% para 4,3%. Apesar da alta, o número permanece abaixo dentro da meta para a inflação brasileira — que é de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Além disso, o mercado também monitora uma série de indicadores internacionais, com destaque para os novos dados de atividade e emprego dos Estados Unidos.
No mesmo contexto, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em alta de 1%.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
MOTIVOS: Ibovespa tem melhor mês desde novembro, mas dólar não segue o entusiasmo
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Dólar
O dólar fechou em queda de 0,59%, cotado a R$ 5,4432. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,4046. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,41% na semana;
perda de 3,36% no mês;
avanço de 12,17% no ano.
No dia anterior, a moeda subiu 0,23%, cotada a R$ 5,4755.
Ibovespa
O Ibovespa teve alta de 1,08%, aos 133.010 pontos.
Entre os destaques da sessão, os papéis da Azul tiveram o maior ganho do índice, com alta de 10%. As ações da Vale, empresa de maior peso na composição do Ibovespa, subiram mais de 6%.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,48% na semana;
recuo de 2,20% no mês; e
queda de 0,88% no ano.
Na véspera, o índice caiu 0,43%, aos 131.587 pontos.
O que está mexendo com os mercados
No Brasil, o cenário econômico segue atraindo a atenção do mercado. Nesta quinta-feira, o mercado repercute o relatório de inflação do segundo trimestre, divulgado pelo Banco Central (BC).
Segundo a instituição, o aumento da projeção de inflação no horizonte relevante resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado.
Os principais pontos do relatório são os seguintes:
A principal contribuição para a alta da inflação mensal deve vir da variação positiva dos preços de alimentação no domicílio;
Os preços de bens industriais, influenciados pelo aumento dos preços ao produtor, pela alta do dólar e pelo IPI maior sobre cigarros, devem apresentar variações mais elevadas;
Os preços de serviços devem acelerar principalmente devido aos aumentos em passagens aéreas;
Quanto à gasolina, as quedas recentes nos preços do petróleo e da gasolina internacional, que têm exibido volatilidade relevante, sugerem tendência de moderação nos preços domésticos;
Em relação à energia elétrica, as chuvas abaixo do padrão e as temperaturas mais elevadas têm elevado a probabilidade de bandeiras mais restritivas até o final do ano.
Em suas projeções o BC elevou sua estimativa para a inflação oficial no ano de 4% para 4,3%. A instituição também aumentou a probabilidade de os preços ultrapassarem o teto da meta, de 28% para 36%.
A autarquia ainda elevou suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB), de 2,3% para 3,2% e disse que o ritmo de crescimento da atividade econômica tem sido forte e superado as expectativas. Além disso, afirmou que os impactos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul (RS) se mostraram menores do que os esperados anteriormente, contribuindo para parte da surpresa.
O relatório do BC vem após uma série de indicadores econômicos importantes divulgados nesta semana. Na última quarta-feira (26), por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os novos dados do IPCA-15, que registrou uma alta de 0,13% em setembro, abaixo das expectativas do mercado.
Já na terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata de sua última reunião, quando decidiu aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 10,75% ao ano.
O documento trouxe um tom mais duro do comitê, que reforçou o firme compromisso com a conversão da inflação à meta da instituição, sinalizando que novas altas devem acontecer nos próximos meses.
A ata ainda mostrou que todos os dirigentes concordaram em iniciar o ciclo de altas nos juros de maneira gradual, para acompanhar com cuidado os próximos dados econômicos — principalmente inflação e emprego –, ao mesmo tempo em que o aumento da taxa já comece a fazer efeito sobre o mercado.
O Comitê julgou que o início do ciclo deveria ser gradual de forma a, por um lado, se beneficiar do acompanhamento diligente dos dados, ainda mais em contexto de incertezas, tanto nos cenários externo como doméstico, mas, por outro lado, permitir que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar, diz a ata.
Juros maiores elevam o custo do crédito para pessoas e empresas, o que tende a diminuir o consumo e os investimentos empresariais. O efeito desejado com isso é a redução da inflação.
O documento ainda indicou que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm apresentado um dinamismo maior do que o esperado e criticou o esmorecimento no esforço (do Governo Federal) de reformas estruturais e disciplina fiscal.
A cautela com o cenário fiscal é, inclusive, um grande fator negativo para os investidores. O 4º Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) de 2024, por exemplo, mostrou uma contenção de despesas abaixo do esperado pelo mercado.
Em entrevista à GloboNews, Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC, disse que essa cautela do mercado com o cenário fiscal não é uma preocupação exagerada, tendo em vista que o Brasil tem uma dívida pública elevada — e uma das maiores entre os países emergentes.
Meirelles destacou que o país não tem uma capacidade infinita de captar recursos pelo Tesouro no mercado e que o investidor tem que querer investir nos títulos brasileiros. Assim, com a percepção de chance de alta do custo da dívida nacional, os investidores passam a demandar mais juros para que a rentabilidade compense o risco.
Cenário externo
No exterior, o foco fica com uma série de indicadores econômicos divulgados nos Estados Unidos. Nesta quinta-feira, o Departamento do Comércio norte-americano confirmou o crescimento de 3% do PIB do país no segundo trimestre, em uma aceleração em meio à força dos gastos dos consumidores.
Ainda na agenda, o Departamento de Trabalho dos EUA indicou que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu inesperadamente na semana passada, apontando para um nível ainda baixo de demissões. As solicitações caíram para 218 mil.
As novas encomendas de bens de capital manufaturados no país, por sua vez, subiram 0,2% em agosto, embora os gastos das empresas com equipamentos pareçam ter perdido o ímpeto no terceiro trimestre. Já as vendas pendentes de moradias nos EUA avançaram 0,6% no período.
Os indicadores podem ajudar o mercado a calibrar suas apostas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na condução da política monetária do país.
Nesta quinta-feira, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, afirmou que os dados do mercado de trabalho e de inflação do país sugerem que a economia norte-americana está a caminho de um pouso suave, apontando que a última milha para controlar a alta dos preços é reduzir os custos de moradia.
Ainda no noticiário internacional, o novo pacote de estímulos econômicos anunciado pelo banco central Chinês segue no radar. O pacote tenta elevar os níveis de consumo e apoiar o mercado de imóveis.
Nesta quinta, também, líderes chineses reconheceram que a economia do país enfrenta novos desafios e prometeram gastos fiscais necessários para garantir o crescimento de 5% do PIB da China neste ano.
Com essas falas, investidores acreditam que novos pacotes de estímulos podem ser anunciados para ajudar a aumentar o consumo no gigante asiático.
*Com informações da agência de notícias Reuters