Pedido foi feito pela chanceler argentina Diana Mondino a Mauro Vieira; bandeira do Brasil foi hasteada na residência do embaixador argentino, diz Reuters. Acordo inclui proteção a prédios e arquivos e ajuda com opositores do governo, hoje asilados. Bandeira do Brasil na embaixada da Argentina na Venezuela
Reprodução
O Ministério das Relações Exteriores começou a atender nesta quinta-feira a um pedido do governo da Argentina para defender os interesses diplomáticos do país na Venezuela.
O pedido foi feito nesta segunda-feira (29) pela chanceler argentina, Diana Mondino, ao ministro brasileiro Mauro Vieira após o governo de Nicolás Maduro expulsar os diplomatas argentinos do país.
O mesmo aconteceu com o corpo de diplomático de seis outros países latinos que contestaram o resultado proclamado das eleições na Venezuela: Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
Da lista, o Peru também deve contar com a ajuda do Brasil para representar seus interesses mais imediatos – a proteção de prédios e de cidadãos, por exemplo.
Por volta das 9h, uma bandeira do Brasil foi hasteada na residência do embaixador da Argentina na Venezuela, indicando que a diplomacia brasileira havia assumido o comando das operações.
Bandeira do Brasil é erguida em residência oficial de Embaixada da Argentina em Caracas
Os venezuelanos chavistas que votaram na oposição: ‘Até a gente se cansou’
Opositores González e María Corina ‘têm que estar atrás das grades’, diz Maduro
Casa Branca diz que ‘paciência está se esgotando’ com a Venezuela
Estruturas e arquivos
Na prática, ao defender os interesses diplomáticos de outro país, o Brasil vai resguardar a inviolabilidade das instalações e dos arquivos argentinos na Venezuela.
Em princípio, isso significa que funcionários da diplomacia brasileira poderão atuar nas instalações argentinas.
Mais detalhes sobre a cooperação ainda sendo acertados entre os dois países.
Situação na Venezuela se agrava e comunidade internacional pressiona pela divulgação de resultados
A ajuda do Brasil também se dará no esforço para encontrar um destino para seis asilados venezuelanos que estão refugiados na Embaixada Argentina em Caracas.
Os asilados são opositores ao governo de Nicolás Maduro. E devem, com a ajuda do Brasil, ser transferidos para embaixadas de outros países, como as de membro da União Europeia.
Milei agradece em rede social
O presidente da Argentina, Javier Milei, agradeceu o gesto do Brasil em um post no X.
“Agradeço enormemente a disposição do Brasil ao assumir a custódia da embaixada argentina na Venezuela. Também agradecemos a representação momentânea dos interesses da Argentina e de seus cidadãos lá”, diz o post, em tradução livre.
“Hoje, o corpo diplomático argentino teve que abandonar a Venezuela como represália do ditador Maduro, pela condenação que fizemos da fraude perpetrada no último domingo”, prossegue Milei.
“Não tenho dúvidas de que em breve reabriremos nossa embaixada em uma Venezuela livre e democrática. Os laços de amizade que unem Argentina e Brasil são muito fortes e históricos”, segue.
“A Venezuela respeitará, assim, o estipulado na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e a na Convenção de Viena sobre Relações Consulares”, conclui Milei.
Presidente Nicolás Maduro em coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros
Reprodução/Reuters
Relação Brasil x Argentina
Apesar de os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Javier Milei trocarem farpas e nunca terem tido um encontro bilateral, as diplomacias de Brasil e Argentina mantém suas relações normalmente.
Recentemente, o embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, afirmou à TV Globo que, para o presidente Lula, a relação com o país vizinho é “mais importante” do que a que ele tem com Javier Milei.
A líder da oposição a Nicolás Maduro na Venezuela, María Corina Machado, fez uma postagem em sua conta no X e agradeceu a atitude do governo brasileiro.
“Agradecemos ao governo do Brasil pela disposição em assumir a representação diplomática e consular da República Argentina na Venezuela, e a proteção de sua sede e residência, bem como a integridade física de nossos colegas asilados na referida residência. Isto poderia contribuir para o avanço de um processo de negociação construtivo e eficaz como o que o Brasil tem apoiado”, publicou María Corina.
Venezuela: Lula pede divulgação de atas da eleição na Venezuela, mas minimiza crise